Quando fui convidada para uma degustação de vinhos “top chilenos” na semana passada, confesso, fiquei com preguiça. Porque, convenhamos, o termos “top chilenos” pode ser compreendido como: vinhos ultra maduros, com muito aroma a goiaba, goiabada e eucalipto, muito tanino, muito álcool, pouco frescor e elegância e madeira até dizer chega…
…mas que bom que fui. Minha vontade de conhecer novos rótulos foi mais forte que meu preconceito e fui premiada com uma ótima surpresa. Perfumes florais, notas de incenso, cedro fresco foram alguns descritores novos para mim, que indicam que o Chile pode estar entrando numa outra onda, buscando mais elegância e frescor em seus vinhos “Top”. Degustei às cegas. Depois peguei a lista de vinhos e preços. Curioso como alguns vinhos ultra famosos, me pareceram grosseiros e enjoativos.
Algumas impressões.
1. Começa fechado, abre lentamente mostrando notas florais, toques de incenso e cedro fresco. Na boca é bem redondo e grande, taninos muito finos, bem fundidos, resultando numa textura cremosa e fresca, com um amarguinho lembrando chocolate amargo no final. Erasmo 2006 – Maule
2. Nariz limpo com toques de fruta fresca, toque de jaboticaba meio verde, um toque mineral que me fez lembrar aquelas pedras na praia, uva pisada e cedro. Na boca tabmé é grande e cremoso, já mais duro, com um toque salgado. Sigla 4 2008 Maipo.
3. Floral, lembra um perfume, rosas secas. Tem toques da barrica também (baunilha, mas muito fresca). Na boca começa fresco, com ótima acidez, tem também um volume cremoso, de textura doce, mas com taninos muito firmes, grandes e não tão fundidos, deixando a boca um pouco seca e um toquezinho amargo, como chocolate amargo. Antiyal 2007 – Maipo.
4. Aroma de baunilha, um toque de frescor lembrando um sabonete de lavanda, toques florais com uma nota de violeta. Na boca é fresco, mais magro que o comum, mais elegante, com taninos firmes, bastante extrato com sabor a fruta, tudo se fundindo e derretendo no final, muito agradável. Ribera del Lago 2007 – Maule.
5. O clássico cheiro de goiabada aparece, num primeiro momento com notas mais frescas, depois me lembrou uma goiabada meio grelhada, com uns toques torradinhos. Na boca tem uma doçura na textura, muito gordo e amplos, com muito tanino, tudo bem exagerado, no melhor estilão “super-extraído”, atualmente, muito em voga. Domus Aurea 2006 – Maipo
6. Nariz um pouco fechdo, com toques tostados e de baunilha. Na boca, também tem um ataque doce e redondão, taninos muito finos, falta acidez, o final é xaroposo, meio doce, meio amargo, bastante entediante e enjoativo. Almaviva 2007
7. Voltam os florais, o toque mineral que me lembra aquele plástico novo, ou carro novo, não consigo definir. Toques de café verde, pão torrado, madeira recém cortada, as tudo bem discreto, nada exuberante. Na boca, tem textura doce, também falta acidez, tem muitos taninos, são muito firmes, com o final nada fresco, com uma certa doçura. Clos Apalta 2006 – Colchagua.
Estes dois últimos foram 2 argentinos apresentados, um pouco fora do tema.
Aromas de incenso, lavanda, muito intenso e perfumado. Na boca tem taninos firmes, finos e grudentos, com textura doce, depois de tomar, não dava nem para falar, de tão colada que as mucosas ficaram. Benegas 2005 – Finca Libertad.
Aromas de papaia, cedro e lareira, lembrando cinzas e, depois um toque de açaí. Na boca é enorme, quadradão, falta frescor de acidez, tem taninos de muita qualidade, fininhos, que se derretem no final da boca. Finalzinho amargo, lembrando café e choco amargo. Matilde 2005 – Lamadrid.
Todos os vinhos são importados pela Casa do Porto. http://casadoportovinhos.com.br/
Tags: alma viva, degustação, vinho chileno
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