Segunda
– BORDEAUX CLUB DES SOMMELIERS BRANCO SEC – Pão de Açucar
– CHÂTEAU VRAI CAILLOU BORDEAUX BLANC 2011 – Ravin

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Segunda
– BORDEAUX CLUB DES SOMMELIERS BRANCO SEC – Pão de Açucar
– CHÂTEAU VRAI CAILLOU BORDEAUX BLANC 2011 – Ravin
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Quando o novo mundo surgiu, foi como uma baforada de ar fresco para o consumidor cansado da oferta de vinhos europeus. Nada de errado com os velhos europeus. Mas nos anos 1990 as denominações de origem não garantiam qualidade de nada, os vinhos eram caros e difíceis de entender.
Aos poucos, Chile e Argentina entram em cena. Não foram recebidos sem preconceito. No comecinho dos anos 2000, quando trabalhei como sommelière no D.O.M., no Le Vin e na Figueira, lembro bem: ao oferecer um vinho argentino ou chileno, as pessoas achavam um absurdo, “Certeza vou ficar com dor de cabeça”. Diante da minha insistência e do bom preço, acabavam se convencendo.
Logo vieram as longínquas Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Em comum, tinham a frutosidade suculenta que só regiões de verões muito iluminados e cálidos têm. O problema é: nunca demora pra coisas legais virarem clichês entediantes.
Ao longo desses 15 últimos anos, poucos produtores desses países inovaram em estilo. Todos insistiram na fruta exagerada e boca redonda pra garantir as vendas e agradar o paladar brasileiro. Nada errado em encher a carteira de dinheiro, nem de agradar seu consumidor. Mas não apostar na variedade é condenável. Hoje, nos deparamos com muitos vinhos baratos, exagerados na fruta e sem grande expressão.
Mas o vinho não permite generalizações e há sempre novas janelas. Atualmente assistimos a alguns bravos seres humanos apostando suas fichas na variedade, ou seja: buscando frescor, acidez, vivacidade em climas mais frios.
O Chile é um dos mais dinâmicos e vem explorando, sem medo, a influência fria pacífica que banha seu litoral. Algumas das regiões mais vanguardistas da Austrália estão em Nova Gales do Sul e Victoria, esta última bem ventilada pelo oceano Indico. Yarra Valley é a mais icônica, mas não é a única. A tendência de buscar zonas frias está por todo o país. A Nova Zelândia é praticamente toda fria e talvez seja esse fator que tornou o país tão amado pelos consumidores de vinhos. A costa uruguaia tem o sopro fresco atlântico e Maldonado é um pólo de vinhos de clima fresco.
Vinhos frutadões são deliciosos. Mas mais gostoso do que ter um estilo de vinhos é ter opção, ter vários, ter muitos. E os novos climas frios são o futuro do novo mundo.
Garzón Sauvignon Blanc 2014
Muito delicado e fresco, pera verde. Um pouco de salinidade e bastante frescor na boca
REGIÃO Uruguai (Maldonado)
QUANTO R$ 90,20
ONDE World Wine; tel. (11) 3383-9300
ConoSur Reserva Especial Sauvignon Blanc 2013
Um nariz curioso de manteiga derretida e aspargo. Na boca é arisco, com acidez viva e bastante fruta
REGIÃO Chile (Valle de Casablanca)
QUANTO R$ 86,80
ONDE La Pastina; tel. 0800-721-8881
Stoneburn Riesling 2015
Pêssego muito fresco, citronela e nota de talco. Na boca é incrivelmente fresco e cremoso
REGIÃO Nova Zelândia (Marlborough)
QUANTO R$ 123,92
ONDE Premium; tel. (11) 2574-8303
Cool Climate Series Pinot Noir 2009
Chá de hibisco, florais, um pouco de caramelo e fruta. Boca bem frutada, suculenta com final picantinho e alcoólico
REGIÃO Austrália (Nova Gales do Sul)
QUANTO R$ 154
ONDE Kmm Vinhos; tel. (11) 3819-4020
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandracorvo/2016/09/1810773-ventos-frios-do-novo-mundo.shtml
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Vista da vinícola Cusumano, em Ficuzza, na Sicília |
É impressionante pensar que uma região antiga como a Sicília, herdeira direta da viticultura e enologia da Grécia antiga, só passou a se levar (e ser levada) a sério faz poucas décadas.
Após séculos de produção consistente (mas muito volumosa), só podemos falar da produção do vinho siciliano como o conhecemos hoje, dos anos 1990 pra cá. Imaginem: só em 1946 a Itália foi unificada. Até então, tudo era latifúndio na Sicília.
Quando as terras foram divididas, pequenos produtores que receberam essas terras não sabiam muito o que fazer, a não ser vender suas uvas para casas produtoras de Marsala —até então o vinho mais importante da ilha— ou pra grandes cooperativas (as cantinas).
É assim que nos anos 1960 vemos explodir o movimento das cantinas e o plantio massivo da variedade Catarrato, até hoje a mais plantada da Sicília. No entanto, a administração dessas estruturas era feita por políticos preocupados com volume e não por produtores que se importavam com qualidade.
Não tardou para que esse sistema colapsasse, sem ter mercado para absorver tais volumes. Apenas sobreviveram cooperativas que se adiantaram na percepção e passaram a engarrafar brancos e tintos com marca própria. O “Rosso del Conte” da Tasca d’Almerita e “Duca Enrico” da Corvo Duca di Salparuta são ícones dessa era.
As terras, baratas no início da década de 1990, foram sendo vendidas para todo tipo de interessado: produtores locais, italianos com grana e conhecimento vindo de outras partes, e estrangeiros de terras tão longínquas quanto a Austrália.
Então assistimos à chegada de muitas variedades internacionais ao mesmo tempo que havia um cuidado maior com as variedades locais. Catarrato, a mais famosa e mais plantada, se bem trabalhada nas vinhas, pode dar um branco com notas de mel e cera de abelha. Inzolia é a que tem mostrado mais potencial, muito frutada e aromática. Carricante combina bem em corte e Grecânico é a mais ácida e pontiaguda de todas.
Em relação às tintas, Nero d`Avola é, sem dúvida, a variedade mais emblemática. Sobre o monte Etna, a região mais dinâmica da atualidade, Nerello Cappuccio e Nerello Mascalese são as mais importantes na composição dos tintos do vulcão. O resultado do calor que emana dessas terras negras, mas de altitude, são vinhos que aliam frescor, perfume e mineralidade, delicadeza e força, como seria de se esperar de vinhas que crescem nas costas de um vulcão.
Donnafugata Sedàra Rosso IGP 2011
Notas delicadas de morango não maduro, algo de terra e vegetal. Na boca é sequinho e tânico, pede um embutido com boa gordura
QUANTO R$ 160
ONDE World Wine; tel. (11) 3085-3055
Planeta Etna Rosso 2014
Muito perfumado, frutado, com notas defumadas e florais, parece um incenso de lavanda. Na boca é delicado com taninos finos e boa acidez
QUANTO R$ 205
ONDE Interfood; tel. (11) 2602-7266
Mandrarossa Costadune Nero D`Avola 2014
Meio achocolatado no nariz, perfumado com algo floral, cardamomo e café. Tem um amarguinho elegante em boca, uma nota picante, corpo firme e um final que lembra vermute
QUANTO R$ 63
ONDE La Pastina; tel. (11) 0800-721-8881
Regaleali Le Rose Tasca d’Almerita 2013
Nariz menos frutado, mais vegetal, com notas de legumes e tostados. Na boca é frutado e cremoso, cheio, mas elegante. Excelente pra vários tipos de comida
QUANTO R$ 130
ONDE Mistral; tel. (11) 3372-3400
Sicília
– Sicilia Musita Syrah 2010 – Premium
– Casa Mia Nero d’Avola Terre Siciliane IGT 2013 – World Wine