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Sudoeste da França. Mais dele, por favor.

10 de setembro de 2010

Aula de quarta feira, tivemos a oportunidade de visitar duas regiões incríveis do Sudoeste da França. Cahors e Madiran. São pouco faladas, pouco conhecidas e às vezes menosprezadas, principalmente em se tratando de Cahors. Digo isso porque essa é a região berço da uva Malbec, que se expresse fenomenalmete desde o século XIII na região.

Ela é mais conhecida pelos vinhos argentinos que decidiram marketar que essa uva é deles e todos os meus alunos tiveram uma certa dificuldade em ouvir que não e entender que a Malbec vem de outro lugar fora de Mendoza e alhures. Comentei isto aqui.

Madiran é conhecida por seus vinhos míticos, sendo Montus, a expressão máxima da Tannat (nascida ali). O produtor, Alain Brumont, é famoso pelo domínio que tem da uva e da região, além de ser o responsável pelos avanços qualitativos dos vinhos dali nos últimos anos. Tomamos um vinho lindíssimo dele, o Torus. Abaixo a impressão dos dois.

foto: http://www.chateaupineraie.com - a safra degustada foi 2004.

Chateau Pineraie 2004 – Cahors

O Pineraie hoje está nas mãos da 6a geração, a Ane e a Emanuelle são quem tocam as rédeas por lá.
Ele vem de vinhas que estão sobre calcário, limestone, argila e marga. São rendimentos baixos, de 45-50 hectolitros por hectare. Tem 85% de Malbec e o restante é de Merlot. Tem uma passagenzinha por barrica, a maior parte de
madeira usada (70%).

Esta região, como dá para ver no mapa, é mais continental. A princípio teríamos um clima mais extremo, de invernos muito frios e verões muito quentes. No entanto, o rio Lot corta a região, temperando um pouco o clima.

Um aroma de folhas molhadas, de chão de terra bem umida (ai, lá vêm as piadas…), uma nota meio animal, que lembrava cavalo, uma fruta no fundo e umas notas de pimenta verde, tudo muito atraente.

Em boca tinha cremosidade, com muito sabor e extrato, perfumado no retrogosto. Só pecou um pouco no amargor no final e uma certa falta de acidez. Um toquezinho a mais de frescor e o vinho seria gigante – talvez uma safra mais jovem resolva isso, já que estamos falando de um vinho com 6 anos. No Club du Tastevin (http://www.tastevin.com.br/)
Tentamos com um Brie, mas o amargo do vinho com o amarquinho da casca do queijo, ficou impossível.
foto: decanter.com.br
Torus     2004
Aqui estamos no Madiran, região no extremo sudoeste da França, pertinho dos Pirineus. Em termos de clima, os verões são quente de dia, mas à noite dá uma refrescada. Os outonos são secos e os invernos bem frios.

Depois de anos fazendo vinhos intensos e que demoravam anos para amadurecer, Brumont quis trabalhar num conceito novo , buscando um vinho carnudo, mas atraente, frutado, sempre com profundidade.  Feito com 50% Tannat, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, dos melhores vinhedos dele (Montus e Bouscassé) só que de vinhas um pouco mais jovens, de até 15 anos.

Nariz muito rico, sem ser exuberante. Notas de bala de café (Toffee), um toque animal, serragem, carne tostada, cereja no álcool, bastante aromático.

Em boca é rico, cheio, com taninos muito intensos, mas finos, que se fundem na boca, deixando apenas o o retrogosto cheio dos aromas que sentimos no nariz, tudo bastante longo e rico. Na Decanter
Ficou interessante com o brie, como se seus taninos entrassem e se fundissem com a gordura, deixando o queijo com um sabor do vinho e vice e versa.

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