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Folha de São Paulo: O Vinho da Sicilia pode ser levado a sério.

12 de agosto de 2016

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O vinho da Sicília pode ser levado a sério

FICUZZA, ITÁLIA, AGO-2011: Vinícola Cusumano, em Ficuzza, na Sicília. (Foto: Rafael Mosna/Folhapress, TURISMO) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Vista da vinícola Cusumano, em Ficuzza, na Sicília

É impressionante pensar que uma região antiga como a Sicília, herdeira direta da viticultura e enologia da Grécia antiga, só passou a se levar (e ser levada) a sério faz poucas décadas.

Após séculos de produção consistente (mas muito volumosa), só podemos falar da produção do vinho siciliano como o conhecemos hoje, dos anos 1990 pra cá. Imaginem: só em 1946 a Itália foi unificada. Até então, tudo era latifúndio na Sicília.

Quando as terras foram divididas, pequenos produtores que receberam essas terras não sabiam muito o que fazer, a não ser vender suas uvas para casas produtoras de Marsala —até então o vinho mais importante da ilha— ou pra grandes cooperativas (as cantinas).

É assim que nos anos 1960 vemos explodir o movimento das cantinas e o plantio massivo da variedade Catarrato, até hoje a mais plantada da Sicília. No entanto, a administração dessas estruturas era feita por políticos preocupados com volume e não por produtores que se importavam com qualidade.

Não tardou para que esse sistema colapsasse, sem ter mercado para absorver tais volumes. Apenas sobreviveram cooperativas que se adiantaram na percepção e passaram a engarrafar brancos e tintos com marca própria. O “Rosso del Conte” da Tasca d’Almerita e “Duca Enrico” da Corvo Duca di Salparuta são ícones dessa era.

As terras, baratas no início da década de 1990, foram sendo vendidas para todo tipo de interessado: produtores locais, italianos com grana e conhecimento vindo de outras partes, e estrangeiros de terras tão longínquas quanto a Austrália.

Então assistimos à chegada de muitas variedades internacionais ao mesmo tempo que havia um cuidado maior com as variedades locais. Catarrato, a mais famosa e mais plantada, se bem trabalhada nas vinhas, pode dar um branco com notas de mel e cera de abelha. Inzolia é a que tem mostrado mais potencial, muito frutada e aromática. Carricante combina bem em corte e Grecânico é a mais ácida e pontiaguda de todas.

Em relação às tintas, Nero d`Avola é, sem dúvida, a variedade mais emblemática. Sobre o monte Etna, a região mais dinâmica da atualidade, Nerello Cappuccio e Nerello Mascalese são as mais importantes na composição dos tintos do vulcão. O resultado do calor que emana dessas terras negras, mas de altitude, são vinhos que aliam frescor, perfume e mineralidade, delicadeza e força, como seria de se esperar de vinhas que crescem nas costas de um vulcão.

Donnafugata Sedàra Rosso IGP 2011
Notas delicadas de morango não maduro, algo de terra e vegetal. Na boca é sequinho e tânico, pede um embutido com boa gordura
QUANTO R$ 160
ONDE World Wine; tel. (11) 3085-3055

Planeta Etna Rosso 2014
Muito perfumado, frutado, com notas defumadas e florais, parece um incenso de lavanda. Na boca é delicado com taninos finos e boa acidez
QUANTO R$ 205
ONDE Interfood; tel. (11) 2602-7266

Mandrarossa Costadune Nero D`Avola 2014
Meio achocolatado no nariz, perfumado com algo floral, cardamomo e café. Tem um amarguinho elegante em boca, uma nota picante, corpo firme e um final que lembra vermute
QUANTO R$ 63
ONDE La Pastina; tel. (11) 0800-721-8881

Regaleali Le Rose Tasca d’Almerita 2013
Nariz menos frutado, mais vegetal, com notas de legumes e tostados. Na boca é frutado e cremoso, cheio, mas elegante. Excelente pra vários tipos de comida
QUANTO R$ 130
ONDE Mistral; tel. (11) 3372-3400

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandracorvo/2016/08/1801428-o-vinho-da-sicilia-pode-ser-levado-a-serio.shtml

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Listinha da Semana: 08 abril de 2016

8 de abril de 2016
Brancos
– Musìta Catarratto sicilia 2014 – Premium
– Fantinel Friulano Borgo Tesis DOC Grave Branco 2013  – Wine.com.br
– Pipoli Greco-Fiano Basilicata IGT  – Wine Store

Tintos

– Lagrein Hofstatter Alto adge  – Cellar
– Cannonau Di Sardegna DOC 2008 Sella & Mosca  – Todo Vinho
– Fantinel Refosco Borgo Tesis DOC Grave 2013 – Wine.com.br
Clique aqui e ouça os áudios da semana.

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Grande feira de vinhos discute produção nos brics

26 de março de 2015
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Merlot Elegante

5 de março de 2014

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Merlot Elegante

Há aproximadamente um ano, escrevi uma coluna também sobre a uva merlot. À época, discorria sobre sua capacidade de resultar em vinhos concentrados e expressivos e que, ao contrário do que estamos acostumados a pensar, isso não era exatamente sinônimo de vinho leve.

Hoje, no entanto, exalto o contrário: tenho encontrado cada vez mais estilos leves e elegantes de merlot, representando lindas expressões da uva e de diferentes origens.

Na última década, a merlot perdeu espaço nos EUA, um dos maiores mercados do planeta. Aos poucos, porém, produtores no mundo todo redescobrem seu potencial para vinhos elegantes. Ela não tem problemas de amadurecimento como a cabernet sauvignon, sua prima mais famosa, que precisa de verões bem quentes.

Apesar de a merlot resultar em vinhos concentrados e ricos em regiões mais quentes, ela amadurece bem em climas mais frescos.

Encontrei excelentes exemplares de zonas frescas entre alguns dos vinhos degustados, por exemplo, do Columbia Valley, no Estado de Washington (EUA), do Friuli, no norte da Itália, ou ainda um da Nova Zelândia (que, apesar da qualidade, não entrou na minha seleção). Em todos está bem impresso o estilo ao qual me refiro hoje: menos encorpado, mas não menos sério ou intenso.

O exemplar francês é feito com merlot de várias regiões, extremamente frutado, de prazer imediato.

Talvez o mais diferente seja o australiano, pela fruta madura no nariz, num estilo característico daquele país. Mesmo assim, tem uma leveza de fruta preta madura.

Facetas diferentes de uma mesma uva, com elementos de delicadeza em comum.

HOUSE OF INDEPENDENT PRODUCERS (HIP) MERLOT 2010
ORIGEM Columbia Valley (EUA)
Elegantíssimo, com aromas de fruta, canela, cedro e grafite muito fundidos. Boca cheia, firma e intensa
QUANTO R$ 105,34
ONDE Mistral (tel. 11/3372-3400)

LE PETIT PANIER MERLOT 2012
ORIGEM Vin de France (França)
Delicado, lembra groselha. Na boca é leve e fácil, com ótima fruta
QUANTO R$ 45
ONDE Vínica (tel. 11/4221-9107)

MANIAGO MERLOT 2010
ORIGEM Friuli (Itália)
Um toque floral, pouca fruta, algo de terra. Na boca é fresco, picante, com um final terroso
QUANTO R$ 64
ONDE Vinci (tel. 11/3130-4500)

HARDYS NOTTAGE HILL MERLOT 2012
ORIGEM Austrália
Estilo mais intenso. Lembra fruta vermelha madura e chocolate com menta. Na boca é frutado e cremoso
QUANTO R$ 66
ONDE wine.com.br

Tintos de verão (Folha de SP)

7 de fevereiro de 2014

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Tintos de verão

Se há uma coisa que eu não consigo explicar no hábito do brasileiro é esta fissura por vinho tinto. Brancos? Não. Já tintos, até no verão, todo mundo toma. Até na Suíça, no inverno, se toma mais branco que aqui.

Então,  para todo mundo que insiste em tomar um tinto no calor, selecionei alguns que funcionarão bem. Pré-requisito: vinhos de estrutura magrinha e bastante refrescância.

E como saber isso antes de comprar se esta informação não está no rótulo?

Para não errar mesmo, Portugal e Itália têm regiões e uvas bem confiáveis. O Dão, quando comecei a estudar vinhos, nos anos 90, produzia um vinho mais elegante. Hoje, alguns produtores optaram por fazer vinhos de corpo mais pesado.

Provei um que me lembrou o jeitão mais clássico. Numa versão mais simples, claro, mas bem naquele estilo. O que mais me surpreendeu é que ele ficou gostoso recém-tirado da geladeira e tomado na beira da piscina!

No Alentejo, por causa do calor no verão, os vinhos são alcoólicos. Mas o meu escolhido é feito pela José Maria da Fonseca, casa tradicional que preza pela elegância e o vinho deles reflete bem esse aspecto.

Já na Itália, digamos que a nebbiolo não é exatamente conhecida pela delicadeza – afinal ela é a uva do Barolo. Mas, mais ao norte, em alguns lugarezinhos de clima frio temos uma boa fonte de vinhos delicados e frutados, como é o caso da Valtellina.

A sangiovese na toscana é sempre um charme: varia de notas florais até as frutas vermelhas bem frescas. Se um produtor decide fazer um estilo que explore isso, o sucesso no verão está garantido.

Quinta da Garrida Reserva 2009
Origem Dão (Portugal)
Lembra cereja fresca e um toquezinho amargo de chá no final mas é, sobretudo, extremamente refrescante e pode ser tomado frio.
Qanto R$ 45,00
Onde Santa Luzia  (tel. 0/XX/11/3897-5000)

Rainoldi 2010
Origem Rosso di Valtellina (Itália)
Notas de framboesa e ervas frescas. Um toque de acidez e tanino a mais. Fica bom com salaminho.
Quanto R$ 75,00
Onde Vínica (tel. 0/XX/11/4221-9107)

Inarno Sangiovese 2012
Onde Toscana (Itália)
Sutil, lembra flores secas e frutinhas. Na boca, parece que mordemos uma cereja geladinha, com acidez e frescor.
Quanto R$ 60,00
Onde Cellar (tel. 0/XX/11/5531.2419)

Montado 2011
Origem Alentejo (Portugal)
Aroma bem discreto de groselha. Simples, agradável e extremamente referescante.
Quanto R$ 27,90
Onde Pão de Açucar (tel. 0/XX/11/3088-6868)

 

Adega para o calor (Folha de SP)

15 de janeiro de 2014

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Adega para o calor

É verão e, confesso, nesta época do ano fica mais difícil falar de vinho porque ninguém quer nem saber dessa história. Nem eu. Todo mundo quer cerveja (eu, inclusive) e, com o recente sucesso das cervejas mais elaboradas, a soberania do vinho como bebida nobre ficou relativa.

Mas, como já me disseram, sou osso duro de roer e cá estou, falando de vinhos. Só que, para animar vocês, fiz uma seleção que não só combina com as temperaturas do verão, como também com praia e, o mais importante, tem preço bem acessível. Sim, meu primeiro critério de escolha foi o preço, algo que pode ser perigoso. Quando pagamos pouco, tendemos a ser permissivos.

Há um abuso no uso do termo “custo-benefício”. Geralmente, quando o vinho é barato e meio ruim, tendem a dizer “ah, mas é bom o custo-benefício”. Nã-não. É só barato. E, provavelmente, malfeito.

Às vezes, um vinho de R$ 100 é muito muito bom, portanto podemos, sim, reconhecer seu bom “custo-benefício”. Apesar de caro, dá muito muito prazer…. Mas estou me desviando um pouco do tema.

Voltando à minha seleção de vinhos com preços interessantes, é lógico que fui cuidadosa e degustei tudo -como sempre faço- às cegas.

As surpresas foram boas. De dez amostras, seis tinham boa qualidade. Vinhos simples, claro, mas sem defeitos e com bom acabamento -boa fruta e meio de boca, sem serem diluídos ou com amargor final.

Deles, escolhi os quatro melhores, que valem a pena. Para encher a adeguinha no calor e não passar vontade. E largar mão um pouco daquela cervejinha e ver que num fim de tarde, no verão, dá, sim, para tomar um branco sem ter que gastar fortunas.

Terras de Xisto branco 2011
Origem Alentejo (Portugal)
Delicado como um pêssego fresco, boca refrescante e frutada
Quanto R$ 30,20
Onde Adega Alentejana (tel. 0/xx/11/5044-5760)

Winery of Good Hope Chardonnay Unoaked 2012
Origem África do Sul
Notas de abacaxi maduro. Na boca tem boa fruta, sem muita acidez, mas levemente refrescante
Quanto R$ 95,60
Onde Qual Vinho (tel. 0/xx/11/3032-1007)

Dona Paterna Trajadura – Alvarinho 2011
Origem Vinhos Verdes (Portugal)
Muito aromático, florais e frutados. Boca suculenta e deliciosamente refrescante
Quanto R$ 55
Onde Premium (tel. 0/xx/11/2574-8303)

Orvieto Classico San Marco 2012
Origem Úmbria (Itália)
Estilo mais neutro no nariz, mas boca cheia, bem leve, com acidez fresquinha
Quanto R$ 32
Onde winestore.com.br

 


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