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Merlot Elegante

5 de março de 2014

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Merlot Elegante

Há aproximadamente um ano, escrevi uma coluna também sobre a uva merlot. À época, discorria sobre sua capacidade de resultar em vinhos concentrados e expressivos e que, ao contrário do que estamos acostumados a pensar, isso não era exatamente sinônimo de vinho leve.

Hoje, no entanto, exalto o contrário: tenho encontrado cada vez mais estilos leves e elegantes de merlot, representando lindas expressões da uva e de diferentes origens.

Na última década, a merlot perdeu espaço nos EUA, um dos maiores mercados do planeta. Aos poucos, porém, produtores no mundo todo redescobrem seu potencial para vinhos elegantes. Ela não tem problemas de amadurecimento como a cabernet sauvignon, sua prima mais famosa, que precisa de verões bem quentes.

Apesar de a merlot resultar em vinhos concentrados e ricos em regiões mais quentes, ela amadurece bem em climas mais frescos.

Encontrei excelentes exemplares de zonas frescas entre alguns dos vinhos degustados, por exemplo, do Columbia Valley, no Estado de Washington (EUA), do Friuli, no norte da Itália, ou ainda um da Nova Zelândia (que, apesar da qualidade, não entrou na minha seleção). Em todos está bem impresso o estilo ao qual me refiro hoje: menos encorpado, mas não menos sério ou intenso.

O exemplar francês é feito com merlot de várias regiões, extremamente frutado, de prazer imediato.

Talvez o mais diferente seja o australiano, pela fruta madura no nariz, num estilo característico daquele país. Mesmo assim, tem uma leveza de fruta preta madura.

Facetas diferentes de uma mesma uva, com elementos de delicadeza em comum.

HOUSE OF INDEPENDENT PRODUCERS (HIP) MERLOT 2010
ORIGEM Columbia Valley (EUA)
Elegantíssimo, com aromas de fruta, canela, cedro e grafite muito fundidos. Boca cheia, firma e intensa
QUANTO R$ 105,34
ONDE Mistral (tel. 11/3372-3400)

LE PETIT PANIER MERLOT 2012
ORIGEM Vin de France (França)
Delicado, lembra groselha. Na boca é leve e fácil, com ótima fruta
QUANTO R$ 45
ONDE Vínica (tel. 11/4221-9107)

MANIAGO MERLOT 2010
ORIGEM Friuli (Itália)
Um toque floral, pouca fruta, algo de terra. Na boca é fresco, picante, com um final terroso
QUANTO R$ 64
ONDE Vinci (tel. 11/3130-4500)

HARDYS NOTTAGE HILL MERLOT 2012
ORIGEM Austrália
Estilo mais intenso. Lembra fruta vermelha madura e chocolate com menta. Na boca é frutado e cremoso
QUANTO R$ 66
ONDE wine.com.br

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Uma uva versátil

26 de fevereiro de 2014

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Uma uva versátil

Beaujolais… “Bô-jô-lé”…
Quem realmente gosta de vinho dá um sorrisinho maroto de quem esconde um segredo. Quem acha que conhece vinho, faz cara feia.

A região de Beaujolais, na França, ficou famosa pelas propagandas festivas e barulhentas de promoção de seus vinhos “nouveau”.

Eram os anos 1970 e todo mundo achava que vinho bom tinha de envelhecer. Como não era o caso do beaujolais nouveau, apesar do bom
resultado da propaganda, não tardou para que fosse tido como um vinho não sério.

A fama da gamay, uva do Beaujolais, é antiga. No século 14, Felipe 2º, duque da Borgonha, proibiu a plantação da uva na região por ela
ser “muito produtiva”.

Mas, ei, vamos combinar: os tempos mudaram. Hoje, viticultores controlam tranquilamente a produção da gamay, entregando vinhos de
excelente concentração e muito sabor.

Há grandes expressões dela nos dez “crus” do Beaujolais -Morgon, Fleurie, St. Amour, Chiroubles, Régnié, Brouilly, Côtes de Brouilly, Juliénas, Chénas e Moulin a Vent.

No Mâcon, região no extremo sul da Borgonha, divisa com o Beaujolais, há vinhos bem frutados e com preços legais. O vale do Loire tem tintos de estilo bem magrinho, em geral, com menos fruta.

Fora do país de origem, dá um vinho frutado leve chamado Dôle, na Suíça. Na Nova Zelândia e na África do Sul há vinhedos pequeninos de produtores apaixonados.

Encontra-se meio espalhada na Austrália, em Israel, no Líbano, nos Estados Unidos, no Canadá e no Brasil.

Versátil, a gamay sempre surpreende pela sutileza.

Fleurie “Les Moriers” – M. Chignard 2011
ORIGEM Beaujolais
Nariz bem frutado, exuberante, delicado em boca, com fruta marcante
QUANTO R$ 75
ONDE Cellar (tel. 11/5531-2419)

La Superbe Rouge 2010
ORIGEM Borgonha
Cerejas e algo de terra fresca. Na boca, parece que mordi uma cereja geladinha bem ácida
QUANTO R$ 98
ONDE Ravin (tel. 11/5574-5789)

Woodthorpe Gamay Noir 2011 (Te Mata)
origem Nova Zelândia
Fechado, lembra champinhom e terra e demora para mostrar a fruta. Taninos fininhos, final tostado e cheio
QUANTO R$ 139
ONDE Mistral (tel. 11/3372-3400)

Mâcon – Thorin 2010
ORIGEM Borgonha
Um pouco de groselha nos aromas. Magrinho, refrescante e com boa fruta
QUANTO R$ 55
ONDE Santa Luzia (tel. 11/3897-5000)

Tintos de verão (Folha de SP)

7 de fevereiro de 2014

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Tintos de verão

Se há uma coisa que eu não consigo explicar no hábito do brasileiro é esta fissura por vinho tinto. Brancos? Não. Já tintos, até no verão, todo mundo toma. Até na Suíça, no inverno, se toma mais branco que aqui.

Então,  para todo mundo que insiste em tomar um tinto no calor, selecionei alguns que funcionarão bem. Pré-requisito: vinhos de estrutura magrinha e bastante refrescância.

E como saber isso antes de comprar se esta informação não está no rótulo?

Para não errar mesmo, Portugal e Itália têm regiões e uvas bem confiáveis. O Dão, quando comecei a estudar vinhos, nos anos 90, produzia um vinho mais elegante. Hoje, alguns produtores optaram por fazer vinhos de corpo mais pesado.

Provei um que me lembrou o jeitão mais clássico. Numa versão mais simples, claro, mas bem naquele estilo. O que mais me surpreendeu é que ele ficou gostoso recém-tirado da geladeira e tomado na beira da piscina!

No Alentejo, por causa do calor no verão, os vinhos são alcoólicos. Mas o meu escolhido é feito pela José Maria da Fonseca, casa tradicional que preza pela elegância e o vinho deles reflete bem esse aspecto.

Já na Itália, digamos que a nebbiolo não é exatamente conhecida pela delicadeza – afinal ela é a uva do Barolo. Mas, mais ao norte, em alguns lugarezinhos de clima frio temos uma boa fonte de vinhos delicados e frutados, como é o caso da Valtellina.

A sangiovese na toscana é sempre um charme: varia de notas florais até as frutas vermelhas bem frescas. Se um produtor decide fazer um estilo que explore isso, o sucesso no verão está garantido.

Quinta da Garrida Reserva 2009
Origem Dão (Portugal)
Lembra cereja fresca e um toquezinho amargo de chá no final mas é, sobretudo, extremamente refrescante e pode ser tomado frio.
Qanto R$ 45,00
Onde Santa Luzia  (tel. 0/XX/11/3897-5000)

Rainoldi 2010
Origem Rosso di Valtellina (Itália)
Notas de framboesa e ervas frescas. Um toque de acidez e tanino a mais. Fica bom com salaminho.
Quanto R$ 75,00
Onde Vínica (tel. 0/XX/11/4221-9107)

Inarno Sangiovese 2012
Onde Toscana (Itália)
Sutil, lembra flores secas e frutinhas. Na boca, parece que mordemos uma cereja geladinha, com acidez e frescor.
Quanto R$ 60,00
Onde Cellar (tel. 0/XX/11/5531.2419)

Montado 2011
Origem Alentejo (Portugal)
Aroma bem discreto de groselha. Simples, agradável e extremamente referescante.
Quanto R$ 27,90
Onde Pão de Açucar (tel. 0/XX/11/3088-6868)

 

Adega para o calor (Folha de SP)

15 de janeiro de 2014

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Adega para o calor

É verão e, confesso, nesta época do ano fica mais difícil falar de vinho porque ninguém quer nem saber dessa história. Nem eu. Todo mundo quer cerveja (eu, inclusive) e, com o recente sucesso das cervejas mais elaboradas, a soberania do vinho como bebida nobre ficou relativa.

Mas, como já me disseram, sou osso duro de roer e cá estou, falando de vinhos. Só que, para animar vocês, fiz uma seleção que não só combina com as temperaturas do verão, como também com praia e, o mais importante, tem preço bem acessível. Sim, meu primeiro critério de escolha foi o preço, algo que pode ser perigoso. Quando pagamos pouco, tendemos a ser permissivos.

Há um abuso no uso do termo “custo-benefício”. Geralmente, quando o vinho é barato e meio ruim, tendem a dizer “ah, mas é bom o custo-benefício”. Nã-não. É só barato. E, provavelmente, malfeito.

Às vezes, um vinho de R$ 100 é muito muito bom, portanto podemos, sim, reconhecer seu bom “custo-benefício”. Apesar de caro, dá muito muito prazer…. Mas estou me desviando um pouco do tema.

Voltando à minha seleção de vinhos com preços interessantes, é lógico que fui cuidadosa e degustei tudo -como sempre faço- às cegas.

As surpresas foram boas. De dez amostras, seis tinham boa qualidade. Vinhos simples, claro, mas sem defeitos e com bom acabamento -boa fruta e meio de boca, sem serem diluídos ou com amargor final.

Deles, escolhi os quatro melhores, que valem a pena. Para encher a adeguinha no calor e não passar vontade. E largar mão um pouco daquela cervejinha e ver que num fim de tarde, no verão, dá, sim, para tomar um branco sem ter que gastar fortunas.

Terras de Xisto branco 2011
Origem Alentejo (Portugal)
Delicado como um pêssego fresco, boca refrescante e frutada
Quanto R$ 30,20
Onde Adega Alentejana (tel. 0/xx/11/5044-5760)

Winery of Good Hope Chardonnay Unoaked 2012
Origem África do Sul
Notas de abacaxi maduro. Na boca tem boa fruta, sem muita acidez, mas levemente refrescante
Quanto R$ 95,60
Onde Qual Vinho (tel. 0/xx/11/3032-1007)

Dona Paterna Trajadura – Alvarinho 2011
Origem Vinhos Verdes (Portugal)
Muito aromático, florais e frutados. Boca suculenta e deliciosamente refrescante
Quanto R$ 55
Onde Premium (tel. 0/xx/11/2574-8303)

Orvieto Classico San Marco 2012
Origem Úmbria (Itália)
Estilo mais neutro no nariz, mas boca cheia, bem leve, com acidez fresquinha
Quanto R$ 32
Onde winestore.com.br

 

Segredos para 2014 (Folha de SP)

8 de janeiro de 2014

folhaSegredos para 2014

Quando comecei a escrever esta coluna, me dei conta de que ela seria publicada em 1º de janeiro. Me perguntei: quem vai ler jornal neste dia? Bem, você está aqui comigo!

Estamos no feriado conhecido lindamente como Confraternização Universal, que seria também aniversário do meu avô José Luiz, nascido neste dia em 1901.

Então, decidi compartilhar segredinhos com você: minhas surpresas favoritas de 2013.

Uma delas é interessante pela uva. Seu nome, Xarel-lo, parece originar-se do italiano “chiarello”, por dar um vinho clarinho.

No entanto, essa uva, famosa pelos cavas, é catalã na origem e no caráter: dá um branco imponente.

Depois, conheci meu tinto queridinho: a primeira vez que o provei foi com ceviche. Foi uma das experiências mais memoráveis da minha vida profissional e, por que não?, pessoal. Um tinto espanhol -para mim, o vinho do ano- com um peixe feito no ácido do limão! Impensável. No encontro com a acidez cítrica, seu sabor tornou-se mais brilhante e o prato, mais suculento.

Ainda da Espanha, uma boa surpresa de menos de R$ 30, encontrada em um grande supermercado. Vem de Castilla La Mancha, é frutado, gostoso e simples.

Depois, um neozelandês que me foi apresentado por seu enólogo: um jovem brasileiro que morou anos naquele país e é apaixonado pela empresa que ainda representa.

Não só conheci um vinho de fruta vivaz e elegante, mas também ganhei um amigo. Pura diversão.

E o que mais podemos desejar do novo ano que chega senão pura diversão? Meus votos de um 2014 divertido!

Yealands Way Pinot Noir 2010
ORIGEM Nova Zelândia
Aromas de cereja e algo de tabaco doce. Delicado, com fruta leve
QUANTO R$ 44,90
ONDE Pão de Açúcar (tel. 0800-773-2732)

Paco 2011
ORIGEM Navarra (Espanha)
Ameixas pretas frescas geladinhas. Frutosidade no meio da boca e suculência no final
QUANTO R$ 85
ONDE Almeria (tel. 0/xx/11/3492-3204)

Xarel-lo Font Jui
ORIGEM Barcelona (Espanha)
Nariz lembra pera cozida e algo de pedras secas. Na boca também alia cremosidade e estrutura mineral firme
QUANTO R$ 95,60
ONDE Casa Flora (tel. 0/xx/11/2186-7676)

Esencia Syrah – Merlot 2011
ORIGEM Tierra de Castilla (Espanha)
Toque de cravo, carvalho e fruta preta. Taninos firmes, mas frutados
QUANTO R$ 28,80
ONDE Carrefour (al. Pamplona, 1.704, tel. 0/xx/11/3882-0077)

Vinhos graníticos (Folha de SP)

20 de dezembro de 2013

folhaVinhos graníticos

Um dia, olhando um mapa de geologia, reparei que muitos dos vinhos que considero de grande qualidade estão sobre solos graníticos.

Se é coincidência, não sei.

A discussão da influência do solo no estilo do vinho está a eras geológicas de distância de terminar. Mas acho interessante olhar para os vinhos a partir da terra que os originou.

Em Portugal, a região do Douro é conhecida pelos xistos e pelos grandes tintos. Mas se você não se detiver nas encostas e subir aquelas paredes íngremes até o topo, verá: lá afloram granitos antiquíssimos.

Como o solo e o clima são frescos demais para as tintas, dali vêm os brancos gordos e minerais, menos conhecidos, do Douro.

Mais a noroeste, toda a costa marítima espanhola também se beneficia destes solos. Vinhos brancos vivazes e brilhantes são produzidos na denominação de origem Rías Baixas.

Na França, o tinto de Beaujolais é mais lembrado pelo seu estilo “nouveau”, um vinho para ser consumido jovem que pode ser delicioso. Mas há muito mais na região.

Não podemos nos esquecer de que também há dez Crus, ou comunas, que produzem vinhos de estilos peculiares, e essa diversidade baseada em diferentes formações graníticas me faz amar o Beaujolais como um todo.

E longe da Europa, na África do Sul, solos de granito formados há milhões de anos são o berço de uma nova região vitivinícola maravilhosa: Paarl. O nome, “pérola”, refere-se à montanha de granito que circunda a região e abriga tantos vinhedos.

Estas vinhas nas encostas se alimentam de granitos e xistos quebrados, resultando em brancos frescos e tintos firmes e frutados que merecem atenção.

PACO E LOLA 2011
Intenso, bem maduro, com notas de licor de maçã. Na boca é muito expressivo, cheio e refrescante
Origem Rías Baixas (Espanha)
Quanto R$ 110
Onde Almería (tel. 0/xx/11/3492-3204)

SPICE ROUTE SAUVIGNON BLANC 2012
Aromas que mesclam frutas cítricas e amarelas e algo de hortelã. Boca sequinha e fresca
Origem África do Sul
Quanto R$ 90
Onde Ravin (tel. 0/xx/11/5574-5789)

ALTANO BRANCO 2010
Frutado e floral, mas também lembra pedras molhadas. Frutado em boca, fresco e bem longo
Origem Douro (Portugal)
Quanto R$ 56
Onde Mistral (tel. 0/xx/11/3372-3400)

BEAUJOLAIS LES BALMES 2010
Frutado, lembra ameixa preta e algo de argila ou terra. Fresco e leve, pode ser tomado fresco em dias quentes
Origem Dominique Piron (França)
Quanto R$ 55
Onde Tastevin (tel. 0/xx/21/2633-8866)

Vinhos brancos insulares (Folha de SP)

6 de dezembro de 2013

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Vinhos brancos insulares

Pensar numa ilha é vislumbrar tranquilidade. Ok, talvez não Ibiza. Mas, fora ela, a ideia de um lugar isolado, de fuga, cercado de mar azul, me tranquiliza.

Penso numa sensação boa de distanciamento. Penso na ilha sonífera, como a canção. Mas, sobretudo, penso em vinhos. Lógico.

Como estamos em uma época de calor, pensei em brancos. Brincando com o mapa do Mediterrâneo, me perguntei: o que cada ilha esconde em seu isolamento?

A Sicília, bem, ela não esconde: a Sicília exibe. Além da personalidade vivaz de sua gente, exibe seu Etna. Mais: uma variedade imensa de uvas que só encontramos ali nos dá uma paleta impressionante de estilos charmosos e inigualáveis. Me diverti com um branco frutadão da uva catarrato.

A Sardenha é misteriosa, parece mais distante que as outras. Apesar da costa famosa pela paisagem que implora por um branco refrescante, é do interior que vêm seus tintos
robustos e famosos. Mas decidi escapar -não quero o famoso. Um branco da uva vermentino é perfeito para nós e para nossa fuga.

A Córsega é a menos conhecida, provavelmente. Seu povo, nem italiano, nem francês. São corsos carrancudos, de coração generoso. Apesar de estar no meio do Mediterrâneo, tem uma paisagem que lembra os Alpes: há neve e produtores aproveitam o frescor das altitudes para fazer brancos perfumados.

Das ilhas espanholas, Maiorca é um lindo destaque –faz parte do arquipélago das Baleares. Seus brancos, da uva prensal, são refrescantes e nos pedem, notei nas degustações, um pouco de tempo para se mostrarem por inteiro.

VERMENTINO ‘I FIORI’ 2012 – SARDENHA
Nota de geleia de limão e um pouco floral. Leve e cremoso em boca
Quanto R$ 50
Onde Cellar (tel. 0/xx/11/5531-2419)

LIP’S MUSCAT – CÓRSEGA
Aromas de jasmim, espuma fofa e refrescante, doçura equilibrada com frescor
Quanto R$ 40
Onde Empório Sorio (tel. 0/xx/11/98318-9740)

TERRE DI GINESTRA CATARRATO 2009 – SICÍLIA
Fácil e frutado, com uma nota de geleia de limão
Quanto R$ 82
Onde Ravin (tel. 0/xx/11/5574-5789)

QUIBIA 2011 – MAIORCA
Aromas de pera cozida e anis. Leve em boca, com retrogosto anisado
Quanto R$ 104,03
Onde Mistra (tel. 0/xx/11/3372-3400)

Desconhecida viognier (Folha de SP)

25 de novembro de 2013

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Desconhecida viognier

Há variedades de uvas que nos ensinam muito sobre a importância de considerar suas peculiaridades. Viognier é uma. Enquanto não resistimos ao bom e velho
clichê de que os grandes brancos do mundo melhoram com o tempo, com ela, nem sempre. Isso se dá por diversos fatores.

Ela tem um ciclo complicado de amadurecimento. Seus aromas característicos, de mel e flores brancas, só se expressam mesmo depois de os açúcares quase terem passado do ponto e a acidez quase caído a níveis baixíssimos.

Ou seja, devido à baixa acidez, não tem muita capacidade de envelhecer. Se colhemos antes para manter a acidez, perdemos a gordura que lhe é característica. É normal um bom viognier ter 13, 14 graus de álcool.

A uva viognier tem origem no rio Ródano setentrional. Ela é a uva de dois brancos importantes da região, o Condrieu e o Château Grillet, cujos vinhedos estão em encostas íngremes de granito quase nu. Condrieu é um estilo mais volumoso e Château Grillet é mais mineral.

Se hoje falamos do prestígio dos vinhos feitos com essa variedade, podemos afirmar que não foi sempre assim. Nos anos 1970 havia menos de 15 hectares plantados com ela, em sua maioria abandonados nos penhascos graníticos do Ródano.

Hoje, só na França são mais de 4.000 hectares, cerca da mesma quantidade na Austrália, além de quase 1.500 na Califórnia, só para mencionar os grandes. Ela está plantada praticamente no mundo todo.

Seu estilo, com aromas que lembram camomila, mel e pêssegos cozidos, sem dúvida conquistou o mundo. Ela tem seus caprichos? Com certeza. Mas é aí que está seu charme.

CELEBRATION VIOGNIER 2012 CHÂTEAU DE LA TUILERIE
Exuberante, com notas de lírio e pêssegos. Cheio, frutado, mas não pesado
Quanto R$ 69
Onde Mistral (tel. 0/xx/11/3372-3400)

PAUL MAS VIOGNIER 2010 – LANGUEDOC
Um estilo quente, muito floral e mel. Pouco frescor e muita fruta
Quanto R$ 67,05
Onde Decanter (tel. 0/xx/11/3702-2020)

LA COMBE MALLEVAL 2009 CONDRIEU
Mel, damasco, flor branca e pêssego. Boca muito cremosa, sabor concentrado, amplo, um bom exemplar do estilo
Quanto R$ 250
Onde Tastevin (tel. 0/xx/21/2633-8866)

VIÑA PROGRESO RESERVA VIOGNIER 2012 – URUGUAI
Delicado, com notas de pera e damasco. Boca refrescante, leve, mas rica e saborosa
Quanto R$ 67,27
Onde Vinci (tel. 0/xx/11/3130-4500)

Tempranillo: nunca é tarde para conhecer (Folha de SP)

25 de novembro de 2013

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Tempranillo: nunca é tarde para conhecer

Se existe um país que sabe se renovar é a Espanha. No meio dos anos 1990, quando achávamos que tudo o que havia lá era paella, surge Ferran Adrià.

Ainda, também nos anos 1990, quando os únicos vinhos que bebíamos eram os bons, mas, às vezes, cansados (demais) Riojas velhos, surgem, em Toro, os “primeros”, tempranillos jovens e brilhantes para serem consumidos no mesmo ano.

Se renova tanto que a uva tempranillo, nossa protagonista de hoje -que já foi a grande embaixadora da produção espanhola-, atualmente abre alas para que novas (ou muito antigas) variedades ganhem espaço e mostrem a diversidade da viticultura da Espanha.

Como disse, a tempranillo é a protagonista hoje. Em meio a mudanças tão radicais, ela se mantém ainda como número um no inconsciente do consumidor brasileiro, como a uva “olé” por excelência.

Seu nome, tempranillo, vem de cedo, pois brota logo no começo do período vegetativo. O certo seria traduzir como “cedinho”. Claro, como boa espanhola que é, brota logo para aproveitar o quente sol ibérico.

Como qualquer uva, o seu sabor vai variar muito em função da região e da mão do seu produtor.

Mas há muitos elementos em comum que podemos encontrar em um vinho feito puramente com tempranillo que não tenha passado por períodos de amadurecimento em carvalho -ou seja, que não seja nem “crianza”, “reserva” ou “gran reserva”.

São vinhos em que o caráter frutado da tempranillo fica evidente. São notas de frutinhas pretas, sempre muito maduras, que podem ter mais álcool se forem de regiões mais quentes, ou um frescor mais pronunciado, se forem de zonas mais amenas.

ESENCIA VALDEMAR RIOJA 2011
Um estilo mais delicado, com algo de fruta cozida, taninos firmes e um final que lembra caféQUANTO R$ 61,10
ONDE Mistral (tel. 0/xx/11/3372-3400)

STRABON BRONCE TORO 2009
Frutas negras, um toque de álcool. Na boca tem mais álcool, com ótima estrutura de taninos
QUANTO R$ 55,60
ONDE Decanter (tel. 0/xx/11/3702-2020)

FINCA CONSTANCIA ALTOZANO 2012 – CASTILLA LA MANCHA
Frutas negras, bem picante, com ótima acidez e frutosidade
QUANTO R$ 39
ONDE wine.com.br

MARQUES DE TOMARES LIDERATO 2011 – RIOJA
Um toque de tabaco se junta às notas de frutas negras. Taninos finos, presentes, gulosos
QUANTO R$ 30,13
ONDEwinestore.com.br

 

O branco do Porto (Folha de SP)

25 de novembro de 2013

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O branco do Porto

Se há um vinho que o brasileiro conhece, esse é o vinho do Porto. Nas degustações às cegas, se tem um lá no meio, os alunos, por mais iniciantes que sejam, o reconhecem.

Mas falo de sua versão mais célebre: o tinto. Os brancos da região são lendas quase esquecidas que perdem, ano após ano, lugar para outros vinhos de sobremesa, tidos como menos complicados.

E nem é que o Porto branco seja tão complicado assim. Bem, suas uvas, de nomes divertidos (algo tão comum em Portugal), talvez não sejam as mais conhecidas.
Malvasia fina, donzelinho, gouveio, codega, rabigato constituem a base do que é um Porto branco.

O método de vinificação é igual ao do tinto: quando se atinge um certo grau de álcool natural (e há açúcares que ainda não fermentaram), a fermentação é interrompida pela adição de aguardente de vinho. Isso acaba resultando num vinho de alta graduação alcoólica, mas com bastante açúcar residual.

Eles variam do estilo “lágrima”, o mais doce, até extrassecos, que, apesar do nome, têm boa doçura.

Toda a parte técnica, no entanto, é irrelevante diante da minha tristeza de ver esse estilo de vinho rarear.

São interessantes, perfumados, têm aromas que fogem do comum, com toffees e resinas raras até em brancos doces.

A boca dos mais secos, apesar de doce, contrabalanceia com uma espécie de frescor picante do álcool.

Um acompanhante ímpar para os queijos portugueses. Mas, ainda mais -e, por que não?-, com a nova leva de queijos produzidos no Brasil, que são picantes e vivazes e imploram por um parceiro que os adocique.

*

GRAHAM’S EXTRA DRY PORT
Mel, amêndoas e caldo de cana. Bem cremoso, com doçura média e final quente, mas fresco
QUANTO R$ 76
ONDE Mistral (tel. 0/xx/11/3372-3400)

QUINTA DA ROMEIRA EXTRA DRY WHITE
Mais floral, também com casca de limão. Bem doce, mas mais sutil, menos intenso
QUANTO R$ 57
ONDE Casa Santa Luzia (tel. 0/xx/11/3897-5000)

FONSECA PORTO WHITE
Intenso, com toffee e cera de abelha. Bem doce, só que equilibrado, de final elegante
QUANTO R$ 78,26
ONDE Vinci (tel. 0/xx/11/3130-4500)

MESSIAS PORTO WHITE DRY
Fresco, com notas de jasmim e camomila. Doce, sem muito frescor, mas persistente
QUANTO R$ 45,29
ONDE Casa Flora (tel. 0/xx/11/2186-7676)


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