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Folha de São Paulo: Ventos frios do Novo Mundo.

9 de setembro de 2016

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Ventos frios do Novo Mundo

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FONTE IMAGEM: http://www.nzwine.com/regions/marlborough/

Quando o novo mundo surgiu, foi como uma baforada de ar fresco para o consumidor cansado da oferta de vinhos europeus. Nada de errado com os velhos europeus. Mas nos anos 1990 as denominações de origem não garantiam qualidade de nada, os vinhos eram caros e difíceis de entender.

Aos poucos, Chile e Argentina entram em cena. Não foram recebidos sem preconceito. No comecinho dos anos 2000, quando trabalhei como sommelière no D.O.M., no Le Vin e na Figueira, lembro bem: ao oferecer um vinho argentino ou chileno, as pessoas achavam um absurdo, “Certeza vou ficar com dor de cabeça”. Diante da minha insistência e do bom preço, acabavam se convencendo.

Logo vieram as longínquas Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Em comum, tinham a frutosidade suculenta que só regiões de verões muito iluminados e cálidos têm. O problema é: nunca demora pra coisas legais virarem clichês entediantes.

Ao longo desses 15 últimos anos, poucos produtores desses países inovaram em estilo. Todos insistiram na fruta exagerada e boca redonda pra garantir as vendas e agradar o paladar brasileiro. Nada errado em encher a carteira de dinheiro, nem de agradar seu consumidor. Mas não apostar na variedade é condenável. Hoje, nos deparamos com muitos vinhos baratos, exagerados na fruta e sem grande expressão.

Mas o vinho não permite generalizações e há sempre novas janelas. Atualmente assistimos a alguns bravos seres humanos apostando suas fichas na variedade, ou seja: buscando frescor, acidez, vivacidade em climas mais frios.

O Chile é um dos mais dinâmicos e vem explorando, sem medo, a influência fria pacífica que banha seu litoral. Algumas das regiões mais vanguardistas da Austrália estão em Nova Gales do Sul e Victoria, esta última bem ventilada pelo oceano Indico. Yarra Valley é a mais icônica, mas não é a única. A tendência de buscar zonas frias está por todo o país. A Nova Zelândia é praticamente toda fria e talvez seja esse fator que tornou o país tão amado pelos consumidores de vinhos. A costa uruguaia tem o sopro fresco atlântico e Maldonado é um pólo de vinhos de clima fresco.

Vinhos frutadões são deliciosos. Mas mais gostoso do que ter um estilo de vinhos é ter opção, ter vários, ter muitos. E os novos climas frios são o futuro do novo mundo.

Garzón Sauvignon Blanc 2014
Muito delicado e fresco, pera verde. Um pouco de salinidade e bastante frescor na boca
REGIÃO Uruguai (Maldonado)
QUANTO R$ 90,20
ONDE World Wine; tel. (11) 3383-9300

ConoSur Reserva Especial Sauvignon Blanc 2013
Um nariz curioso de manteiga derretida e aspargo. Na boca é arisco, com acidez viva e bastante fruta
REGIÃO Chile (Valle de Casablanca)
QUANTO R$ 86,80
ONDE La Pastina; tel. 0800-721-8881

Stoneburn Riesling 2015
Pêssego muito fresco, citronela e nota de talco. Na boca é incrivelmente fresco e cremoso
REGIÃO Nova Zelândia (Marlborough)
QUANTO R$ 123,92
ONDE Premium; tel. (11) 2574-8303

Cool Climate Series Pinot Noir 2009
Chá de hibisco, florais, um pouco de caramelo e fruta. Boca bem frutada, suculenta com final picantinho e alcoólico
REGIÃO Austrália (Nova Gales do Sul)
QUANTO R$ 154
ONDE Kmm Vinhos; tel. (11) 3819-4020

 

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandracorvo/2016/09/1810773-ventos-frios-do-novo-mundo.shtml

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Folha de São Paulo: Vinhos Quentes

17 de junho de 2016

 

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Vinhos Quentes

Quando eu era pequena, vi uma tiazinha na televisão dando receita de vinho quente . Como meu pai não era muito comunicativo, mas adorava vinho, achei que seria o máximo compartilhar com ele essa minha descoberta.

Não deu certo. Ele torceu o nariz quando ouviu e disse que aquilo estragava o vinho. Depois eu cresci, provei e desenvolvi um carinho invernal pelo sabor generoso do vinho quente em festas juninas. No frio, era como um abraço interno e perfumado.

Mas este não é o tema da minha coluna. Ou é. Hoje sempre busco adaptações vinho quente para quem, como meu pai, torce o nariz para misturebas típicas juninas. Na minha mente calculo sabores de canela, a fruta meio cozida e o sabor adocicado que podemos sentir quando o vinho tem alta graduação alcoólica, mesmo sem ter açúcar em sua composição.

Sim, o álcool, esse nosso amigo no inverno, que nos ajuda a esquentar corpo e alma, torna nossas bochechas coradas e, pela mesma ação acalentadora, deixa nossos cérebros soltos e à vontade para papos divertidos.

Na hora de buscar vinhos com essas características, há um elemento essencial a se considerar: pense em lugares onde o clima no verão seja muito quente. Isso porque as uvas que crescem lá acumulam muito açúcar que, na hora da fermentação, transforma-se em níveis consideráveis de álcool.

Além do álcool, aromas de frutas cozidas também se desenvolvem por causa do calor. Regiões clássicas com essa característica: Douro, Alentejo (Portugal), Toro e Ribera del Duero (Espanha), todo o sul da Itália —Puglia, Calábria, as ilhas— e a maioria dos países do novo mundo. Maipo no Chile, Mendoza na Argentina, Napa e Columbia Valley nos EUA.

Se esses vinhos estagiam por barricas de carvalho novo, ganham ainda mais nuances aconchegantes, com toques de canela, cravo, café e chocolate Então, se não quer encarar um vinho quente, que tal um vinho de corpo quente?

Esporão Trincadeira 2015
Muito frutado, com amora, ameixa, licor, leve tostado. Apesar da picada alcoólica, mantém um certo frescor com final cheio e saboroso
REGIÃO Portugal – Alentejo
QUANTO R$ 89
ONDE Qualimpor; tel (11) 5181-4492

Lombardo Marsala Superiore Ambra Secco
Sensacional, com aromas de lareira, tâmaras, figos secos e geleia de laranja. Na boca, apesar da leve doçura, tem uma textura sequinha e acidez perfeita
REGIÃO Itália – Sicília
QUANTO R$ 98
ONDE Casa Flora; tel (11) 3327-5167

Pyros Malbec
Toneladas de frutas super maduras, notas de chocolate e baunilha. Grandão e gorducho em boca, pesado e de final rico, parece quase um vinho do Porto
REGIÃO San Juan – Argentina
QUANTO R$ 152
ONDE Zahil; tel (11) 3071-2900

Horse Heaven Hills Merlot 2010
Geleia de amora de jabuticaba, toques de cravo, pimenta do reino e canela. Boca firme, alcoólica e frutadona.
REGIÃO EUA – Washington State
QUANTO R$ 184
ONDE Wine Brands; tel (11) 2344-5555

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandracorvo/2016/06/1781152-vinhos-quentes.shtml

Folha de São Paulo: Aprendendo a ler

2 de junho de 2016

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Aprendendo a ler

Ler e decifrar um rótulo nem sempre é fichinha. Tenho certeza de que todo mundo concorda comigo: o rótulo de um vinho deveria ser uma fonte de informação e, portanto, fácil de ler e entender. Nem sempre é o caso. Algumas palavras são chave e definem o estilo do vinho, outras são estratégias de marketing vazias de conteúdo.

Crianza, Reserva e Gran Reserva –na Espanha, e só ali– são palavras que dizem respeito ao envelhecimento do vinho em barrica de carvalho e na bodega antes de sair ao mercado. Crianza são 24 meses, Reserva 36 e Gran Reserva 60.

Também se trata disso, na Itália, o termo Riserva, mas cada região determina o tempo de envelhecimento.

No entanto, em países do novo mundo (Chile, Argentina, Uruguai) o uso desses termos é livre e não segue nenhuma regulamentação específica. Depende muito de cada produtor.

A palavra “Superiore” na Itália apenas indica que o vinho tem uma graduação alcoólica maior. Não se refere a nada de qualidade ou superioridade. Mesma coisa na França. Muito utilizada em Bordeaux, a palavra “Superieur” quer dizer muito pouco ou quase nada. Basicamente, o vinho precisa vir de vinhas mais velhas e com um rendimento um pouco menor. Mais uma vez, não se trata, essencialmente, de qualidade melhor.

Ainda na Itália, a palavra Classico é bem específica, tem a ver com origem geográfica. Ela significa que os vinhedos estão localizados onde houve a primeira demarcação histórica dali, e que deram nome e fama à região.

Carpineto Chianti Classico DOCG 2013
Bastante fruta vermelha, um toque tostado, corpo médio, com taninos delicados e um toque de madeira
QUANTO R$ 100
ONDE wine.com.br

Espumante Bedin Asolo Prosecco Superiore 2011
Notas de pera e maçãs, fresco, com espuma delicada e final elegante e frutado
QUANTO R$ 144,70
ONDE Decanter; tel. (11) 3702-2020

Lagunilla Gran Reserva 2006
Notas de baunilha, amêndoas, manteiga derretida. Delicado, mas persistente em boca, com taninos, acidez e álcool bem fundidos
QUANTO R$ 124
ONDE Santa Luzia; tel. (11) 3897-5000

Errazuriz 1870 Reserva Cabernet Sauvignon 2014
Notas de chocolate, geleia de fruta preta e uma notinha mentolada. Boca firme, tânica, mas bem equilibrada
QUANTO R$ 66,92
ONDE Vinci; tel. (11) 3130-4500

Folha de São Paulo: Revolução Verde

6 de maio de 2016

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Revolução verde

A primeira coluna que escrevi para este jornal, há pouco mais de quatro anos, foi sobre a região que volto a abordar hoje. Isso porque, voltando de lá, fico feliz em ver a (r)evolução qualitativa que esses vinhedos vêm passando.

Estou falando da região dos Vinhos Verdes, a mais setentrional de Portugal. Não custa frisar, “Vinho Verde” é o nome da região, não a cor do vinho ou das uvas com as quais é feito.

Dali saem essencialmente vinhos brancos, mas tintos, rosés e espumantes compõem um pequena parte da produção também.
Conhecidos por serem leves, simples, para serem tomados gelados na piscina, os Vinhos Verdes estavam longe de ser referência em grandiosidade entre os brancos do mundo.

Não que haja nada de mal em ser deliciosamente refrescante. Ao contrário. Os verdes continuam sendo isso. Mas a diferença é que agora eles não são só isso. Produtores querem expressar a diversidade de suas castas e subregiões.

Uma surpresa: a variedade Avesso. Mais encontrada na subregião de Baião, extremo sudeste da zona, encostadinha no Douro, (ou seja, uma parte mais protegida, não tão influenciada pelo Atlântico). Resultado, vinho densos, ainda delicados, que aliam mineralidade e notas de tangerina incomparáveis.

Outra linda surpresa: ver envelhecer esses vinhos. Pudemos degustar Alvarinhos com 5, 6, até 11 anos de idade, na subregião de Monção e Melgaço, onde a casta reina protagonista. Pude assistir de perto.

E, sem dúvida, tintos da casta Vinhão, que quase não chegam ao Brasil. Arisca, tânica, ácida, quando bem vinificada, dá tintos roxos, muito densos, com aromas de amoras, carnudos, tostados, que funcionam tão bem com os embutidos –ou enchidos, como se diz na terrinha– vinhos que permanecem ainda como tesouros escondidos a serem descobertos.

Quinta do Ameal Clássico 2014
Frutas tropicais bem maduras, uma nota de amêndoas. Muito amplo em boca, textura seca mineral, complexo, longo e muito estruturado
UVA Loureiro
QUANTO R$ 117
ONDE Qualimpor; tel. (11) 5181-4492

Soalheiro 2014
Muito perfumado, com notas de pêssego, manga, pera e um final floral. Na boca é cremoso, com acidez delicada e muito longo e saboroso
UVA Alvarinho
QUANTO R$ 205,84
ONDE Mistral; tel. (11) 3372-3400

Covela Edição Nacional 2014
Tangerina, grapefruit, mineral tostado e uma nota de maresia. Cheio em boca, estruturado e saboroso e muito persistente
UVA Avesso
QUANTO R$ 98
ONDE winebrands.com.br

Pardusco Tinto 2012
Levemente frutado, com uma nota terrosa, delicadamente tânico e leve, pede para ser tomado com comidas gordurosas
UVA Alvarelhão
QUANTO R$ 119,80
ONDE Decanter; tel. (11) 3702-2020

 

Folha de São Paulo: Pra Paella

20 de abril de 2016

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Pra Paella

Um dos pratos mais gostosos da culinária ibérica, a paella, para a nossa sorte, não sofreu nada com a revolução gastronômica da Espanha.

Ela continua igualzinha, variando um pouco dependendo da região onde comemos. A classicona é a valenciana: de tomate, pimentão e alho, alguns legumes (tipo fava ou ervilha torta), frango e coelho.

Pode ser de carne, de mariscos, vegetariana, enfim. Mas a que mais comemos é a “mixta”, que tem um pouco de tudo –além de frango e coelho, mariscos, camarões e pedaços de peixe.

Há um elemento comum a praticamente toda boa paella, que é o “pimentón”, conhecido aqui como páprica. É um tempero seco, feito de um tipo especial de pimentão, que dá aroma e sabor tostadinhos. Por isso, vinhos com uma nota tostada funcionam bem.

Os espanhóis tomam sempre tintos com paella, não importa o tipo. No entanto, nem sempre o jeito ideal de combinar vinho e comida é o tradicional.

Eu queria escrever um coluna harmonizando só vinhos espanhóis com a paella, mas foi difícil encontrar quatro opções de lá que ficassem boas. A verdade é que o vinho espanhol é deliciosamente frutado, alcoólico e rico, mas nem sempre funciona com um prato nuançado como a paella.

Os espanhóis que ficam melhor são os que já têm uma certa evolução em garrafa, como Gran Reservas –que, geralmente, são caros. Então desencanei e me joguei em diversos sabores do mundo pra achar o que fica legal. E tive várias boas surpresas.

Xarello Clube Des Sommeliers 2015
Pera, maçã e pêssego no nariz, frutadaço. Leve e refrescante em boca
REGIÃO Espanha – Penedês
QUANTO R$ 43,90
ONDE Pão de Açúcar (paodeacucar.com.br )

Carlos Montes Chardonnay 2008
Intenso, amanteigado e tostado, com uma nota de geleia de laranja. Na boca, é encorpado, com um final tostado que se funde com o tempero
REGIÃO Uruguai – Canelones
QUANTO R$ 52,10
ONDE Casa Flora; tel. (11) 3327-5167

Rioja Bordon Gran Reserva 2006
Notas de tabaco, baunilha e carne. Taninos já fininhos e bem integrados, ótima acidez, tudo fundido, funciona bem com a paella
REGIÃO Espanha – Rioja
QUANTO R$ 98,00
ONDE eVinhosdaEspanha (evinhosdaespanha.com )

Chandon Excellence brut
Um toque de cacau, maçã assada e mel, com notas de amêndoas. Espuma fofa, boca cremosa, cheião, com final mineralzinho e firme
REGIÃO Brasil
QUANTO R$ 142
ONDE Imigrantes Bebidas (imigrantesbebidas.com.br )

 

Folha de São Paulo: Vinhos Temperados

29 de janeiro de 2016

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Vinhos temperados

Comida bem temperada é sempre uma delícia de comer. Mas, muitas vezes, um tormento para harmonizar. Por mais que, normalmente, pensemos no ingrediente principal (peixe? Carne?) os temperos são responsáveis pelo resultado final da harmonia com o vinho.

Pra entender melhor que tipo de bebida escolher, podemos separar os temperos em alguns grupos. Por exemplo, as ervas frescas –manjericão, alecrim, tomilho, orégano– dão um perfume refrescante ao ingrediente principal e são usadas em carnes, em molhos (como o pesto), ou na pizza. Para elas, é legal pensar em tintos ou rosés refrescantes, não exageradamente frutados, mas de perfume também fresco.

Se migramos para o Oriente Médio, perfumes secos e intensos dominam os mercados. Cominho, sementes de coentro, gergelim torrado, nozes, amêndoas, pistache, cravo e canela dão o tom para pratos de carnes ou mesmo de peixes. Para eles, vinhos aromáticos, com notas de especiarias são perfeitos.

Podemos também agrupar alguns ingredientes “vermelhos”, como páprica, cúrcuma, dendê e temperos à base de pimentão (ou que levem pimentão). Assim, podemos colocar paellas, moquecas e currys em um grupo. Além da cor avermelhada, têm perfume seco, delicado, quase floral e com uma nota defumada em maior ou menor intensidade.

O mais importante é fugir de vinhos extremamente frutados, chamativos, muito alcoólicos ou pesadões. Nada contra os vinhos assim, mas às vezes chamam muito a atenção e esmagam os perfumes mais delicados de certos pratos. Então, em volta do mediterrâneo –de onde vêm tantos desses temperos–, vêm também vinhos que combinam com eles. E, fora dali, há a uva carménère, rainha no Chile, um coringa em se tratando de pratos perfumados.

SANTO CRISTO AMPHORA GARNACHA 2013
Pouco perfumado, algo de couro e flor seca. Sequinho e impressionantemente flexível para todo tipo de comida temperada
REGIÃO Espanha – Aragón
QUANTO R$ 74
ONDE Mistral; tel. (11) 3372-3400

Citto Volpaia 2013
Leve floral, frutinhas vermelhas e vegetais assados. Leve e refrescante, flexível para ervas frescas e o grupo dos temperos “vermelhos”
REGIÃO Itália – Toscana
QUANTO R$ 100,05
ONDE Premium; tel. (11) 2574-8303

Emiliana Carmenère 2014
Lembra folha de chá e especiarias. Frutadão em boca, ótimo para carnes com temperos árabes secos ou páprica
REGIÃO Chile
QUANTO R$ 40
ONDE La Pastina; lapastina.com

Coteaux d’Aix en Provence Augustin Florent 2013
Não muito aromático, mas saboroso em boca. Versátil, para todos os grupos de tempero
REGIÃO França – Provence
QUANTO R$ 70
ONDE Carrefour; carrefour.com.br 

Folha de São Paulo: Beaujolais, delícia esquecida.

4 de dezembro de 2015

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Beaujolais, delícia esquecida

Se existe uma região negligenciada no mundo dos vinhos, é Beaujolais. Situada no leste da França, ao sul da Borgonha, a região caiu, depois de um período de glória, em completo ostracismo.

Podemos dividir a história de ascensão e queda da região em três momentos. Primeiro, nos anos 1980, com o surgimento do Beaujolais “nouveau”, a região atinge o apogeu. Chegando ao mercado sempre na terceira quinta-feira de novembro, a proposta era de oferecer, com ações de marketing ousadas no mundo inteiro, um vinho frutadaço, barato e de fácil consumo. Todos estavam felizes –consumidores e produtores.

Mas toda ação tem uma reação. Em um segundo momento, o produto se tornou sinônimo de bebida barata. Os vinhos se tornaram ralos e sem a diversão frutada que deu início ao movimento. Na década de 1990, pedir um “nouveau” se tornou a essência do brega e Beaujolais caiu no esquecimento.

Hoje, poucas pessoas conhecem a região. Por um lado é bom, pois não sabem das trevas pela qual passou. Por outro, é triste, pois hoje Beaujolais vive um lindo renascimento, com produtores da Borgonha (logo acima, a norte) investindo forte na compra e renovação de vinhedos ali.

É importante saber que o estilo “nouveau” não representa sozinho a região. Há o Villages, um pouco mais estruturado, das zonas mais ao norte onde os solos de granitos são mais puros.

Há também os dez crus do Beaujolais. São dez vilarejos, com vinhedos plantados nas melhores terras, seja de granito, seja com alguma afloração de xisto, de onde vêm estilos de vinhos mais firmes e encorpados. São eles: St. Amour, Juliénas, Chénas, Moulin a Vent, Fleurie, Chiroubles, Morgon, Régnié, Brouilly e Cote de Brouilly. Em comum, uma certa sutileza frutada, mas com uma estrutura firme de taninos, às vezes notas mais terrosas e profundas. Cada um de um jeito, numa infinidade surreal de sabores interessantes.

Beaujolais Nouveau Joseph Drouhin 2015
Uma explosão de frutas vermelhas. Rico em boca, frutadão, mas com a delicadeza típica
QUANTO R$ 125
ONDE Mistral; tel. (11) 3372-3400

Beaujolais Villages Jacques Charlet La Vauxonne 2013
Um perfume delicado de cerejas, saboroso e frutadinho em boca, pura delicadeza
QUANTO R$ 100
ONDE Vinho e Ponto; tel: (11) 4421-1705

Beaujolais-Villages Maison Louis Girard 2013
Parece um pote de frutinhas pretas, boca bem suculenta, com boa acidez e concentração sutil
QUANTO R$ 85
ONDE World Wine; tel: (11) 3085-3055

Chiroubles Domaine Morin Pellerin 2013
Bem maduro, com notas de licor de cereja, cheio, muito frutado, taninos firmes, mas delicados
QUANTO R$ 87
ONDE Santa Luzia; tel: (11) 3897-5000

 

Folha de São Paulo: Jerez Versátil.

23 de novembro de 2015

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Folha de São Paulo: Novo aplicativo brasileiro ajuda a escolher o vinho na prateleira

9 de novembro de 2015

 

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Novo aplicativo brasileiro ajuda a escolher o vinho na prateleira
Para esquecidos, confusos e desconhecedores, a sommelière e colunista da Folha, Alexandra Corvo, elaborou o aplicativo “Vini Fera”, que reúne informações sobre vinhos, organizadas por região, preço, harmonização, uvas e por locais de venda. São aproximadamente 200 rótulos –semanalmente são incluídos cerca de dez novas opções– degustados e aprovados pela profissional.Diante das prateleiras repletas de garrafas –tintos, rosés e brancos, do novo e do velho mundo– uma paralisia pode acometer o comprador, que já não sabe mais o que pesquisou sobre vinhos. Pode passar horas ali, lendo rótulos, um a um, até escolher a bebida daquela noite.

A ideia do “Vini Fera” surgiu com as consultas recorrentes de amigos e familiares, por mensagens de celular, à sommelière. “A escolha de um vinho é algo imediatista. Além disso, ninguém quer correr a chance de errar”, diz. “Com conhecimento, esse momento fica muito mais legal, mas não é todo o mundo que quer fazer um curso.”

Segundo a colunista, o “banco de dados” do aplicativo tem como norte “vinhos que estão nas prateleiras (bem distribuídos em locais de venda) e que custem até R$ 100 –apesar de haver opções mais caras e elaboradas também”. “A diferença do app para outros lugares em que escrevo é que tenho a liberdade de usar termos como ‘gostoso’, apesar de também falar em ‘aromas'”, conta. “Além disso, há as minhas experiências pessoais: se eu provei o vinho em uma festa, com amigos –e não em uma degustação às cegas–, eu conto isso também.”

O aplicativo, gratuito, está no ar desde setembro e já foi baixado por 2.000 usuários. Futuramente, a sommelière planeja versões “premium”, pagas, com conteúdos exclusivos, como listas temáticas, por exemplo.

Folha de São Paulo: Brancos Solitários

6 de novembro de 2015

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Brancos solitários

Há varias formas de pensar e escolher o vinho. Às vezes, escolhemos uma garrafa para acompanhar uma comida. Consideramos os sabores e estruturas de um prato e tentamos harmonizar com o estilo do vinho. Vinhos mais tânicos para pratos gordurosos, vinhos adocicados para acompanhar sobremesa, ou um branco mineral e salgadinho para ir com ostras, e por aí vai.

Uma outra forma de escolher o vinho, também comum, pode ser em função de uma ocasião. Um vinho divertido e frutado para uma noite com amigos, um branco leve e descompromissado para uma tarde na piscina, um espumante festivo para o aniversário de um familiar.

Nos dois casos, colocamos o vinho como um acompanhante, com a função de ser o pano de fundo de situações em que outros elementos também são importantes.

Contradizendo um pouco essa ideia, temos no mundo do vinho a expressão “vinhos de meditação” para designar aqueles que exigem nossa total atenção. São grandes vinhos, geralmente com potencial de envelhecimento e que estão no ápice. As vezes são vinhos de sobremesa, com sua doçura equilibrada e grande corpulência. Raramente são brancos secos.

Mas há brancos que enganam. Na sua delicadeza, trazem perfumes sutis, mas vibrantes, boca refrescante, mas intensa que, por mais leves que sejam, ficam melhores sozinhos.

Nada de um peixinho, nada de frutos do mar, nada de aperitivos sobre eles. Eles exigem um olhar gentil e atento, sendo protagonistas para serem desfrutados na íntegra.

Riesling Augustin Florent 2014
Florzinhas brancas e uma nota de tangerina. Delicado e intenso, pede atenção cuidadosa
QUANTO R$ 53
ONDE Carrefour; carrefour.com.br

Aimé Roquesante Cuvée Réservée Rosé 2014
Rosas brancas, tangerina e pêssego maduro. Frutadão, com uma pontada ácida que faz salivar
QUANTO R$ 90,20
ONDE World Wine; tel. (11) 3085-3055

Cono Sur Reserva Especial Sauvignon Blanc 2013
Elaboradíssimo. Perfumado, com notas de frutas tropicais e uma nota amanteigada em boca; excelente equilíbrio entre peso e delicadeza
QUANTO R$ 74,80
ONDE La Pastina; tel. (11) 3383-9303

Quinta do Monte D`Oiro Lybra Branco 2012
Pêssego, damasco, amêndoas salgadas. Grandão em boca, oleoso e refrescante ao mesmo tempo, lembra casca de laranja
QUANTO R$ 157
ONDE Mistral; tel. (11) 3372-3400

 


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