
A Wines of Portugal, ou Vinhos de Portugal, sempre faz excelentes campanhas aqui no Brasil. Praticamente todos os anos traz boas feiras, com ótimos produtores e, neste 26 junho 2013, não foi diferente.
O convite para ouvir uma palestra sobre vinhos portugueses apresentada pelo único Master of Wine brasileiro, Dirceu Vianna, me empolgou. Vou muito pouco a esses eventos, mas me animei.
A degustação era um espécie de passeio pelas principais regiões do país e, infelizmente, a abordagem foi muito superfícial, sem informações mais específicas sobre solos e climas de cada região. Desculpa, mas dizer que pode-se dividir o país em 2 regiões, ao sul é mais mediterrâneo a ao norte é mais fresco, é uma simplificação tosca de um país tão variado como a terrinha.
Como era de se esperar, os vinhos eram deliciosos. Eu não canso de me surpreender com a variedade de estilos de Portugal, sempre tão diferentes, sempre tão empolgantes, cada ano com mais qualidade.
Um pouco do que tomei.
1. Quinta de Azevedo 12 – DO Vinho Verde
Peras, com um toque mineral e com toda a acidez e salinidade que um vinho da região dos Vinhos Verdes tem como tipicidade. Agora, a julgar por essa acidez, eu não teria medo de tomar esse vinho daqui a uns 5 anos. Claro que a ideia, muitas vezes, desta região, é entregar um vinho fresco de aspecto jovem, mas acho que perdemos algumas boas oportunidades de esperar para ver o que o tempo pode fazer.
2. Morgado de Santa Catherina – Bucelas
Bucelas, de onde vêm alguns dos brancos mais deliciosos e perfumados do mundo. Este, feito com Arinto (na região, o mínimo obrigatório é 75% dela. Estão autorizadas Sercial e Rabo de Ovelha), é muito aromático, floral, fruta muito fresca e casca de limão. Só que na boca, é outra vertente: é mais gordo e alcoólico, tem muita estrutura, final amarguinho interessante, lembra aniz.
3. Manoella 2010 – Douro
Nunca tinha degustado um vinho do Douro com este estilo. Muito frutado (ok, isso é fácil de encontrar nos vinhos do Douro), mas diferente, uma fruta mais fresca, algo de pimentão, ou geleia de pimenta e morango. Tudo muito fresco. Na boca também, uma expressão muito fresca, ótima acidez, taninos fininhos, mas um vinho quente e rico, gostosão, apesar de sobrar um pouquinho de álcool (característica não incomum na região também), mas nada defeituoso.
4. Confidencial 2011 – Lisboa
Cclássico! Eu amo os vinhos desta região cheia de influência marítima, que são super delicados e etéreos. E este é isso mesmo: fresco, frutado, com uma fruta evidente, um pouquinho de álcool a mais, mas totalmente delicioso. Um achado.
5. Mouchão 2007 – Regional Alentejano.
Outro clássico..Ainda fechado e alcoólico. Fechado e alcoólico. Depois, um toque animal, algo de ervas, tomilho seco. Na boca é cheio e frutadão, ainda muito tânico,mas cheio de matéria prima de primeira.
Deu um pouco de pena degustá-lo agora. Ele é lindo, mas muuuuito jovem. Depois que tomei Mouchão com 20, 30 anos, vi que ele melhora muito com os anos. Óbvio, não precisa ser 30 anos, mas uns bons 10 deixaria todo seu jeitão mais evidente. Feito com a Alicante Bouschet e Trincadeira.
6. Dom Bella 2010
De um Dão eu espero sempre mais delicadeza, mas não foi muito o que encontrei. Feito 100% com Tourigna nacional, é perfumadão, notas de chá preto, camomila. Cheio em boca, firme, acoólico, ainda jovem, mas com taninos de qualidade, que vão se fundir com o tempo. Sobra um pouco de madeira no retrogosto, talvez o tempo “organize” essas arestas de álcool e madeira.

Curtir isso:
Curtir Carregando...