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Listinha da Semana: 09 de dezembro de 2016
9 de dezembro de 2016Folha de São Paulo: A Encruzado desponta
9 de outubro de 2015A Encruzado desponta
Lá por maio do ano passado, fiz parte do júri de um concurso internacional em Lisboa e pude degustar alguns vinhos da uva branca encruzado. Apesar de me chamarem a atenção pela mineralidade e ponta ácida vibrante, não me intrigavam mais que tantas outras variedades portuguesas interessantes. Mas, depois, sentindo com atenção, me dei conta: ela é especial, sim.
Não é comum em Portugal os vinhos serem varietais (feitos com só uma variedade de uva). Geralmente os produtores desse país expressam mais as características do terroir das regiões em vinhos produzidos com cortes de uvas autóctones e, portanto, muito bem adaptadas a cada zona.
Originária da região do Dão, a encruzado vem despontando (ali e também fora do Dão) em vinhos varietais pela sua expressão intensa. Dá notas de pinho, ervas frescas, muito cítrico e uma acidez brilhante que faz com que os vinhos não apenas sejam deliciosos e vivazes na juventude, como desenvolvam complexidade no envelhecimento.
Com um tempo em garrafa, o vinho ganha mais cremosidade, uma certa oleosidade que dá volume em boca, sempre apoiado pela acidez que se mantém por vários anos. O nariz desenvolve aromas mais densos de frutos secos e lembra algo de óleo de amêndoas, também sempre com uma nota fresca de pinho no fundo.
Tentei conversar com alguns enólogos portugueses que trabalham com ela, mas é época de colheita na Europa e a maioria não conseguiu me responder. Julia Kemper me contou, às pressas entre uma prensa em outra, que a encruzado está bem adaptada ao clima fresco do Dão, mas que varia de um terroir a outro.
Filipa Pato, gênio imparável, fez questão de conversar comigo e, mesmo com a vindima a todo vapor, me contou tudo com mais detalhes. Disse que a encruzado adora o granito fresco do Dão e que os melhores exemplares vêm da zona da Serra (Caramulo e Bussaco) –e que nas regiões um pouco mais quentes, ela já fica melhor com outras uvas que vão garantir a acidez (terrantez, cercial e bical).
Sua viticultora, Sonia, conhece bem a variedade e nos contou que a encruzado tem uma certa tendência a se oxidar, portanto fermentar em barrica ajuda que ela crie uma capacidade antioxidante própria.
Tiago Cabaço 2013
Pinho, manjericão e uma notinha floral. Boa acidez, saboroso, com textura cremosa e final que lembra folhas
QUANTO R$ 145,30
ONDE Adega Alentejana; tel: (11) 5044-5760
Quinta da Falorca 2011
Resina, pinho, pêssego e geleia de laranja, algo de manteiga. Estilo cheio, com ótima acidez, final cítrico, com textura firme e seca
QUANTO R$ 115,50
ONDE World Wine; tel. (11) 3085-3055
Quinta da Garrida 2013
Tem aromas cítricos e algo de giz, mineral. Textura seca e firme em boca, uma nota quase salgada
QUANTO R$ 74,40
ONDE Portus Cale; tel. (11) 3675-5199
Duque de Viseu Carvalhais 2014
Floral e fresco, delicado em boca, sem a acidez tão marcada por ter algo de malvasia fina e bical no corte
QUANTO R$ 90
ONDE Zahil; tel. (11) 3071-2900
Uns Vinhos de Portugal
27 de junho de 2013A Wines of Portugal, ou Vinhos de Portugal, sempre faz excelentes campanhas aqui no Brasil. Praticamente todos os anos traz boas feiras, com ótimos produtores e, neste 26 junho 2013, não foi diferente.
O convite para ouvir uma palestra sobre vinhos portugueses apresentada pelo único Master of Wine brasileiro, Dirceu Vianna, me empolgou. Vou muito pouco a esses eventos, mas me animei.
A degustação era um espécie de passeio pelas principais regiões do país e, infelizmente, a abordagem foi muito superfícial, sem informações mais específicas sobre solos e climas de cada região. Desculpa, mas dizer que pode-se dividir o país em 2 regiões, ao sul é mais mediterrâneo a ao norte é mais fresco, é uma simplificação tosca de um país tão variado como a terrinha.
Como era de se esperar, os vinhos eram deliciosos. Eu não canso de me surpreender com a variedade de estilos de Portugal, sempre tão diferentes, sempre tão empolgantes, cada ano com mais qualidade.
Um pouco do que tomei.
1. Quinta de Azevedo 12 – DO Vinho Verde
Peras, com um toque mineral e com toda a acidez e salinidade que um vinho da região dos Vinhos Verdes tem como tipicidade. Agora, a julgar por essa acidez, eu não teria medo de tomar esse vinho daqui a uns 5 anos. Claro que a ideia, muitas vezes, desta região, é entregar um vinho fresco de aspecto jovem, mas acho que perdemos algumas boas oportunidades de esperar para ver o que o tempo pode fazer.
2. Morgado de Santa Catherina – Bucelas
Bucelas, de onde vêm alguns dos brancos mais deliciosos e perfumados do mundo. Este, feito com Arinto (na região, o mínimo obrigatório é 75% dela. Estão autorizadas Sercial e Rabo de Ovelha), é muito aromático, floral, fruta muito fresca e casca de limão. Só que na boca, é outra vertente: é mais gordo e alcoólico, tem muita estrutura, final amarguinho interessante, lembra aniz.
3. Manoella 2010 – Douro
Nunca tinha degustado um vinho do Douro com este estilo. Muito frutado (ok, isso é fácil de encontrar nos vinhos do Douro), mas diferente, uma fruta mais fresca, algo de pimentão, ou geleia de pimenta e morango. Tudo muito fresco. Na boca também, uma expressão muito fresca, ótima acidez, taninos fininhos, mas um vinho quente e rico, gostosão, apesar de sobrar um pouquinho de álcool (característica não incomum na região também), mas nada defeituoso.
4. Confidencial 2011 – Lisboa
Cclássico! Eu amo os vinhos desta região cheia de influência marítima, que são super delicados e etéreos. E este é isso mesmo: fresco, frutado, com uma fruta evidente, um pouquinho de álcool a mais, mas totalmente delicioso. Um achado.
5. Mouchão 2007 – Regional Alentejano.
Outro clássico..Ainda fechado e alcoólico. Fechado e alcoólico. Depois, um toque animal, algo de ervas, tomilho seco. Na boca é cheio e frutadão, ainda muito tânico,mas cheio de matéria prima de primeira.
Deu um pouco de pena degustá-lo agora. Ele é lindo, mas muuuuito jovem. Depois que tomei Mouchão com 20, 30 anos, vi que ele melhora muito com os anos. Óbvio, não precisa ser 30 anos, mas uns bons 10 deixaria todo seu jeitão mais evidente. Feito com a Alicante Bouschet e Trincadeira.
6. Dom Bella 2010
De um Dão eu espero sempre mais delicadeza, mas não foi muito o que encontrei. Feito 100% com Tourigna nacional, é perfumadão, notas de chá preto, camomila. Cheio em boca, firme, acoólico, ainda jovem, mas com taninos de qualidade, que vão se fundir com o tempo. Sobra um pouco de madeira no retrogosto, talvez o tempo “organize” essas arestas de álcool e madeira.
Ouça: Listinha da semana!
31 de maio de 2013Vinho Verde:
Varanda do Conde 2011 – Wine Store
Dão:
Boas vinhas 2009 – Ravin
Douro:
Assobio 2009 – Qualimpor
Bairrada:
Filipa Pato Bical & Arinto Branco 2009 – Wine Store
Peninsula de Setubal:Só Touriga 2006 – Portus Cale