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Listinha da Semana: 09 de dezembro de 2016
9 de dezembro de 2016Folha de São Paulo: Beaujolais, delícia esquecida.
4 de dezembro de 2015Beaujolais, delícia esquecida
Se existe uma região negligenciada no mundo dos vinhos, é Beaujolais. Situada no leste da França, ao sul da Borgonha, a região caiu, depois de um período de glória, em completo ostracismo.
Podemos dividir a história de ascensão e queda da região em três momentos. Primeiro, nos anos 1980, com o surgimento do Beaujolais “nouveau”, a região atinge o apogeu. Chegando ao mercado sempre na terceira quinta-feira de novembro, a proposta era de oferecer, com ações de marketing ousadas no mundo inteiro, um vinho frutadaço, barato e de fácil consumo. Todos estavam felizes –consumidores e produtores.
Mas toda ação tem uma reação. Em um segundo momento, o produto se tornou sinônimo de bebida barata. Os vinhos se tornaram ralos e sem a diversão frutada que deu início ao movimento. Na década de 1990, pedir um “nouveau” se tornou a essência do brega e Beaujolais caiu no esquecimento.
Hoje, poucas pessoas conhecem a região. Por um lado é bom, pois não sabem das trevas pela qual passou. Por outro, é triste, pois hoje Beaujolais vive um lindo renascimento, com produtores da Borgonha (logo acima, a norte) investindo forte na compra e renovação de vinhedos ali.
É importante saber que o estilo “nouveau” não representa sozinho a região. Há o Villages, um pouco mais estruturado, das zonas mais ao norte onde os solos de granitos são mais puros.
Há também os dez crus do Beaujolais. São dez vilarejos, com vinhedos plantados nas melhores terras, seja de granito, seja com alguma afloração de xisto, de onde vêm estilos de vinhos mais firmes e encorpados. São eles: St. Amour, Juliénas, Chénas, Moulin a Vent, Fleurie, Chiroubles, Morgon, Régnié, Brouilly e Cote de Brouilly. Em comum, uma certa sutileza frutada, mas com uma estrutura firme de taninos, às vezes notas mais terrosas e profundas. Cada um de um jeito, numa infinidade surreal de sabores interessantes.
Beaujolais Nouveau Joseph Drouhin 2015
Uma explosão de frutas vermelhas. Rico em boca, frutadão, mas com a delicadeza típica
QUANTO R$ 125
ONDE Mistral; tel. (11) 3372-3400
Beaujolais Villages Jacques Charlet La Vauxonne 2013
Um perfume delicado de cerejas, saboroso e frutadinho em boca, pura delicadeza
QUANTO R$ 100
ONDE Vinho e Ponto; tel: (11) 4421-1705
Beaujolais-Villages Maison Louis Girard 2013
Parece um pote de frutinhas pretas, boca bem suculenta, com boa acidez e concentração sutil
QUANTO R$ 85
ONDE World Wine; tel: (11) 3085-3055
Chiroubles Domaine Morin Pellerin 2013
Bem maduro, com notas de licor de cereja, cheio, muito frutado, taninos firmes, mas delicados
QUANTO R$ 87
ONDE Santa Luzia; tel: (11) 3897-5000
Uma uva versátil
26 de fevereiro de 2014
Uma uva versátil
Beaujolais… “Bô-jô-lé”…
Quem realmente gosta de vinho dá um sorrisinho maroto de quem esconde um segredo. Quem acha que conhece vinho, faz cara feia.
A região de Beaujolais, na França, ficou famosa pelas propagandas festivas e barulhentas de promoção de seus vinhos “nouveau”.
Eram os anos 1970 e todo mundo achava que vinho bom tinha de envelhecer. Como não era o caso do beaujolais nouveau, apesar do bom
resultado da propaganda, não tardou para que fosse tido como um vinho não sério.
A fama da gamay, uva do Beaujolais, é antiga. No século 14, Felipe 2º, duque da Borgonha, proibiu a plantação da uva na região por ela
ser “muito produtiva”.
Mas, ei, vamos combinar: os tempos mudaram. Hoje, viticultores controlam tranquilamente a produção da gamay, entregando vinhos de
excelente concentração e muito sabor.
Há grandes expressões dela nos dez “crus” do Beaujolais -Morgon, Fleurie, St. Amour, Chiroubles, Régnié, Brouilly, Côtes de Brouilly, Juliénas, Chénas e Moulin a Vent.
No Mâcon, região no extremo sul da Borgonha, divisa com o Beaujolais, há vinhos bem frutados e com preços legais. O vale do Loire tem tintos de estilo bem magrinho, em geral, com menos fruta.
Fora do país de origem, dá um vinho frutado leve chamado Dôle, na Suíça. Na Nova Zelândia e na África do Sul há vinhedos pequeninos de produtores apaixonados.
Encontra-se meio espalhada na Austrália, em Israel, no Líbano, nos Estados Unidos, no Canadá e no Brasil.
Versátil, a gamay sempre surpreende pela sutileza.
Fleurie “Les Moriers” – M. Chignard 2011
ORIGEM Beaujolais
Nariz bem frutado, exuberante, delicado em boca, com fruta marcante
QUANTO R$ 75
ONDE Cellar (tel. 11/5531-2419)
La Superbe Rouge 2010
ORIGEM Borgonha
Cerejas e algo de terra fresca. Na boca, parece que mordi uma cereja geladinha bem ácida
QUANTO R$ 98
ONDE Ravin (tel. 11/5574-5789)
Woodthorpe Gamay Noir 2011 (Te Mata)
origem Nova Zelândia
Fechado, lembra champinhom e terra e demora para mostrar a fruta. Taninos fininhos, final tostado e cheio
QUANTO R$ 139
ONDE Mistral (tel. 11/3372-3400)
Mâcon – Thorin 2010
ORIGEM Borgonha
Um pouco de groselha nos aromas. Magrinho, refrescante e com boa fruta
QUANTO R$ 55
ONDE Santa Luzia (tel. 11/3897-5000)
Beaujolais Villages e seu charme frutado
24 de junho de 2011(to read in english, please scroll down)
Nariz muito franco, perfumado, com notas de morango amasado, bala de morango e fica com uma nota mais madura quando esquenta um pouco. Na boca é fresco e cremoso, tem bastante fruta, taninos fininhos, agradáveis. Tem pouca estrutura, pouco corpo, mas os aromas ficam na boca, mesmo o sabor não sendo muito longo, seus perfumes são. E é assim que um Beaujolais Villages deve ser. Franco, limpo, frutado, com a fruta perfumada que a Gamay consegue desenvolver apenas nesta bela região francesa. Este é do produtor Coquard. Beaujolais Villages – Coquard 2008. Na Decanter.
Beaujolais Villages and its fruity charm.
A very clean nose, perfumed, with notes of crushed strawberries, strawberry candies and the notes get more mature when it warms a bit. On palate it is fresh and creamy, has a lot of fruit, fine tannins, pleasant. It has little structure, little body, but the aromas remain in mouth, and eventhough the taste is not long, its perfumes are. And so a Beaujolais should be. Frank, clean, fruity, with the perfumed fruit that Gamay manages to develop only in this French region. It’s from the producer Coquard.Beaujolais Villages-Coquard 2008.
Beaujolais é pura classe.
10 de setembro de 2010Sim, e você deve estar dizendo: ai, credo, aquele beaujolais nouveau que os “especialistas” dizem que nem vinho é. Pois o nouveau é o vinho mais famoso e menos representativo do que a rica região do Beaujolais pode oferecer.
Beaujolais é feito com a uva Gamay, por um método de vinificação chamado maceração carbônica. Não vou me extender, mas basicamente, os cachos de uvas são levados inteiros para os tanques de fermentação e ela se inicia propriamente dentro da uva. O resultado é uma extração de taninos muito delicados e aromas muito frutados.
É claro que o estilo final vai depender muito da característica da matéria-prima – neste caso, a uva. A região pode ser dividida na parte mais baixa, ao sul. Lá, os solos têm mais argila e são mais frios, portanto a Gamay custa mais a amadurecer. Aqui, conta MUITO, o fato de o produtor ser sério para produzir bons vinhos.
Na parte norte, Temos granito, algum xisto, coberto com areia, portanto, melhor drenagem e mais temperatura, sendo melhores para o amadurecimento da uva emblemática de lá. Os vinhos AOC Beaujolais vêm daqui.
Mais ao norte é onde se encontram os famosos 10 crus do Beaujolais e as AOC Beaujolais Villages. São vinhos extremamente gastronômicos e expressões distintas da Gamay, já que cada um tem solo, subsolos, exposição e altitude muito diferentes. Mas são sempre boas dicas para acompanhar refeições ricas de carne.
Nesta semana, aqui na escola, tivemos a oportunidade de tomar um Beaujolais que representa a essência dos AOC Beaujolais. A fruta limpa, o nariz “franco” ( é sempre uma expressão difícil de explicar, mas quando coloco este vinho os alunos entendem na hora – é um nariz muito limpo), as notas de groselha, de suco de morango, um toque de pimenta do reino e até uma nota animal muito sutil, são alguns dos aromas deste vinho. Na boca, é totalmente perfeito: taninos muito finos, com ótima acidez, como se tivéssemos mordido um morango fresco, um toque de álcool que dá mais força aos aromas, enfim, para vocês tomarem no final de semana.
Fica a dica. Beaujolais da Maison Coquard, por lindos R$ 46,00, na Decanter.
Conheçam a família produtora Coquard aqui