fonte:stellarosawines.com
Brancos Sexy.
Aqui no Brasil a gente tem trauminha de vinho doce. Normal. Durante muito tempo a maior parte do vinho disponível era aquele “suave” nacional de qualidade pra lá de suspeita. Vinho de garrafão tosco, feito com uvas inadequadas pra produção de vinho e que davam uma puta dor de cabeça no dia seguinte. Trauma explicado. Mas queria falar de brancos doces.
Vinho doce não é simplesmente vinho com açúcar residual. Alguns dos maiores brancos do mundo são doces: os gigantescos Rieslings do Rheingau, Sauternes, Tokajis, pra mencionar apenas alguns, são obras primas da viticultura mundial.
Há uma variedade enorme de estilos e qualidade. Variam em função da uva utilizada e do método de produção. Os mais simples são os colheita tardia. Para obter o açúcar extra (que ficará no vinho mesmo após a fermentação) o produtor não colhe as uvas no final do verão como de praxe. Ele deixa as uvas secando durante parte do outono (que deve ser bem seco) para que se ressequem. Os brancos produzidos assim são levemente doces, muito perfumados e de estilo delicado.
Uma outra forma de produzir uvas para brancos doces é o contato com o fungo Botritis. O que você, nas frutas na sua casa, conhece como “bolor”, em alguns lugares do mundo (onde os outonos se alternam entre manhãs úmidas e tardes ensolaradas) se desenvolve divinamente, vindo a ser conhecido como “podridão nobre”. Ele, basicamente, se alimenta da água das uvas, deixando-as super doces. A fermentação é lentíssima e, por isso, os aromas do vinho se tornam profundos. São vinhos que tardam a ficarem prontos e ganham muito com a evolução em garrafa. Exemplos famosos: o francês sauternes e o húngaro Tokaji.
O estilo mais famoso pra gente por aqui é o vinho do porto – que é um foritificado – e existem versões brancas que, infelizmente, estão em extinção. Mas, pra nossa sorte, outro fortificado português quase tão famoso está em ascensão: o bom e velho Moscatel de Setubal.
O açúcar residual dos fortificados fica no vinho porque interrompe-se a fermentação adicionando uma destilado de uvas (álcool vínico) que faz com que as leveduras parem de trabalhar. Mas como adicionamos álcool, ele também fica alcoólico. No caso do Moscatel de Setubal, o contato com as cascas dá uma mordida extra, uma certa força e o vinho não fica enjoativo.
Brancos doces são deliciosos com queijos cremosos bem salgados ou com sobremesas com frutos e frutas secas. Algumas coisas legais:
José Maria da Fonseca Alambre Moscatel de Setúbal 2010
Uvas passas, tamaras e figos. Na boca tem doçura cremosa.
REGIÃO Portugal – Península de Setúbal

ONDE World Wine (Tel 11 3383-9300)


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