Acreditem ou não, queridos leitores, quando vim de Portugal, trouxe na mala, além das óbvias garrafas, alguns embutidos como chouriço e morcela defumados e um queijo de cabra curado. Claro que quando abri minha mala, parecia que tinha um bicho lá dentro, mas todos sobreviveram e aterrizaram, como bons portugueses que são, são e salvos a terras brasileiras.
E, ainda, como bons portugueses que são, aguentam bem um tempo na geladeira. Dentre as garrafas trazidas, trouxe um não tão óbvio Porto branco, extra dry, como é chamado. Nós, brasileiros, temos bastante intimidade com o vinho do Porto tinto, mas infelizmente já nem os portugueses consomem a versão branca e podemos chamá-lo de espécie em extinção. A produção e consumo são minúsculos, foi até um pouco difícil encontrá-lo lá mesmo na cidade do Porto.
Isto dito, o post é para tentar convencê-los da importância de conhecer e apreciar esta delícia. São vinhos não muito exuberantes no nariz, mas mesmo assim, têm notas de amêndoas, um pouco de pêra em calda e toques levemente minerais. Eu tomei numa taça grande de vinho tinto, mas depois passei para uma menor onde, realmente, podemos perceber melhor seus aromas. Na boca, por mais que o nome nos leve a crer ser algo “extra seco”, ele é, na verdade, um vinho delicadamente adocicado, rico, cremoso, com um toque perfeito de acidez e grande extrato, leia-se, muito sabor a fruta e muito longo no comprimento.
Deixei o queijo um tempão fora da geladeira e fatiei os embutidos em fatias grossas e coloquei na frigideira em fogo alto. Eles soltam uma gordurinha que rapidamente se queima e vira uma crostinha, enquanto que dentro ficam molinhos e gelatinosos. Precisa eu dizer que as notas amendoadas do vinho branco ficaram deliciosas com o gosto carnoso dos embutidos? E que a gordura do vinho se fundiu com aquela textura sequinha típica dos queijos de cabra? Pois bem, saiam da frente de seus computadores e corram comprar um Porto branco. E, quando voltarem e abrirem a garrafa, leiam um pouco dos segredos da produção deste vinho no site oficial do Instituto do Vinho do Porto, clicando aqui.
10 de janeiro de 2011 às 11:30 |
Coincidentemente, comprei e abri um porto extra dry Burmester há duas semanas. Os outros 16 enófilos presentes fizeram algo como que vista grossa. Para mim sempre foi uma curiosidade pois a última vez que bebi um branco foi há mais de 20 anos e queria reviver essa experiência que já ia distante na memória. Qual não foi a minha agradável surpresa!!! Realmente, o vinho ligeiramente doce, mas não se aplica para sobremesa, muito pelo contrário, me lembrou mais um Jerez e se mostrou muito apropriado para um aperitivo. Só recomendo atenção especial porque ele é muito alcoólico e, como aperitivo, tem que ser consumido com muita moderação, senão o apreciador já vai estar muito além do desejado quando chegar o prato principal (rs rs rs!!!)
10 de janeiro de 2011 às 11:57 |
Olá Antonio, obrigada pelo comentário. Como eu estava tomando o vinho como principal, e não como aperitivo, fui ingênua e não observei o que você bem comenta: a quantidade. Me excedi um pouco, não tive ressaca, mas minha boca acordou assustadoramente seca. É necessária a moderação, aliás, para todas bebida alcoólica. um forte abraço
10 de janeiro de 2011 às 17:40 |
Oi Alexandra!
Os portos brancos podem envelhecer! Não tanto como os tintos, mas depois de uns 10-15 anos eles ficam (pra quem gosta de jerez) oxidados e muito bons. Algo como um Chateau Chalon ou um Oloroso. Eu acho que sempre vale a pena – mas denovo, pra quem gosta do lado oxidado da coisa.
10 de janeiro de 2011 às 17:41 |
Nossa Ale, vocês está 100% correta! Vinho do porto branco é bom, interessante, mas pouco consumido. Acho uma delícia tomar como apeitivo com alguns belisquetes! Cai sempre bem! Pena que lá no Vito quase ninguém pede…
Boa dica!
😉
Bjs,
Helena
25 de janeiro de 2011 às 10:27 |
Uma pena não ser muito fácil encontrar um Porto Branco, aqui pelo Brasil.
28 de janeiro de 2011 às 22:34 |
Cara Alexandra,
O Porto Branco que bem comenta, é o mais simples da linha de brancos e é usado para fazer o Portonic (Porto branco + água tonica) bebido como refresco no verão. Neste calor de 33 graus que passamos em Sampa, é otima pedida. Serve tambem como aperitivo e, pode ser usado como você fez, contrastando com os embutidos e queijos.
Atualmente em Portugal, muitas companhias estão a engarrafar Portos brancos colheita ou com idade, estes para serem bebidos em momentos de meditação. Recomendo-lhe provar o excepcional Dalva Branco colheita 1952 e o excelente Ferreira 10 anos branco.
Como ressalva, o queijo que trouxe é de ovelha e não de cabra. Não consegui pela foto, saber se é Queijo da Serra, de Nisa ou de Azeitão. Estes queijos feitos com flores e folhas de cardo (planta da região), são de alto teor de gordura (>60%), com aromas intensos, por tal compatibilizou perfeitamente com o Porto Branco adocicado (contraste), alcoolico (untuoso), acidulo (fresco), cheio de aromas.
Aceite, prezada Alexandra, minha saudações Lusas
Azeredo