Não sei se comentei, estou em Israel. Ontem fui ao sul do país, numa região quente, seca e desértica chamada Yatir. A vinícola, que leva o mesmo nome, produz vinhos em pequenas quantidades dos seus apenas 100 hectares de vinhedos.
Metade está ali no deserto mesmo, a outra está na região mais fresca na floresta de Yatir, colinas da Judeia, mais alto (chega a 900 metros), mais fresca e de onde vêm as melhores uvas. Os vinhedos são da gigante Carmel, mas a vinícola é administrada independentemente.
Chegamos um pouco sem avisar e não consegui conversar muito com o senhor que estava lá, presidente da empresa.
Ele tinha pressa e estava muito preocupado em falar sobre a pontuação que o Parker deu para seus vinhos, assunto que não tenho nenhum interesse – estava interessada em provar os vinhos. Me serviu um viognier, pouco aromático, muito alcoólico mas com boa acidez. Bem gordo, tinha uma certa doçura – todas características de se esperar em uma região tão quente.
Depois, de 2006, um merlot – cabernet sauvignon – syrah – petit verdot – malbec (corte antigo bordalês – atenção argentinos, malbec não existe só na argentina como já conversamos aqui). bem quente, com madeira, cravo e folha pisada no nariz. Na boca, ainda boa acidez (toda natural me contou o senhor de lá – se bem que ele foi tão enfático, e o enólogo se formou na Austrália, que depois fiquei meio desconfiada..).
Depois, o que, na minha opinião, foi o melhor. O Syrah 2007 (saindo ao mercado naquele dia), vinificado no estilo Rhône, ou seja: com um pouquinho de viogner junto. Bem mineral, denso, lembrava um pouco fósforo, com um extrato rico de fruta. Na boca tem acidez fresca, é gordo, tem taninos finos e final quente e levemente amargo, com um toquezinho salgado interessante.
O cabernet estava fechadassso no nariz, muito cheio em boca, chocolatão, extraído, com taninos finos, bem feito.
O último foi o Yatir Forest 2007, o “top deles”. Apesar de ele dizer que busca elegância, o vinho é uma porrada, pelo menos agora. Provavelmente em 2 anos estará mais interessante, mas está fechado no nariz, com um toque floral promissor. Na boca é muito quente e alcoólico por enquanto. Veremos.
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