Eu tenho muita sorte de ser casada com um homem cuja família é judia de origem Persa. Talvez seja difícil entender um judeu de origem persa no contexto de hoje, já que a antiga cultura persa hoje fica na sombra do governo iraniano liderado por um debiloide como o Ahmadinejad que não reconhece nem a existência de Israel. Mas o tema aqui não é política e sim vinho e comida.
Os judeus viviam bem na Persia. Eishmat e Matitiahu, avó e avô de meu marido – pais do meu sogro – vieram para Israel quando jovens e criaram uma família gigante que se espalhou pelo mundo. Resumo da ópera, estou em Israel comendo a melhor comida persa que existe (a feita em casa) e, para “piorar”, no melhor dos sentidos, as coisas, tomando vinho feito por um dos irmãos do meu sogro. No shabat, sexta à noite, grande noite da semana judaica, noite do descanso, há uma comida muito típica. Primeiro, sobre a mesa ficam pratos lotados transbordando de hortelã, coentro, salsinha, estragão, rabanete, manjericão e todos ficam comendo aquilo cru. O prato típico é uma grande sopa de frango com limões secos persas (não confundir com lima da pérsia) que dá um perfume forte e peculiar. Para melhorar tudo, a sopa também tem “gondi”. Gondi são bolinhas de carne moída (pode ser carne, frango ou peru) feitas com algum grão: pode ser grão de bico ou trigo. Essas leguminosas dão leveza à bolinha que não fica muito densa, pois eles incham quando cozinham.
O vinho foi feito pelo tio Shmulik que compra as uvas lá no sul do país. Um merlot da região de Yatir (que depois fui conhecer) onde todo ano ele vai, prova as uvas, escolhe, colhe e compra para vinificar no porão de casa, onde tem um pequeníssimo tanque e algumas barricas.
Sorte ter essas pessoas na minha família. A experiência é única.
Deixe um comentário